Biomassa se fortalece na matriz energética

Potencial de produção desse tipo de energia deve supera 8,4 GW médios até 2022

Nara Faria

O conceito sobre o uso dos recursos naturais vem se modificando e fontes renováveis de geração de energia elétrica complementares às hidrelétricas, que respondem por quase 70% da matriz energética brasileira, mostram atratividade e ganham força comercial comprovadas nos leilões promovidos pelo governo.

A produção de energia a partir da biomassa já responde por 9% de toda a energia gerada no País, superando a capacidade de produção de outros recursos que formam a matriz exceto a de origem hidrelétrica, como a fonte eólica (2%), carvão (2%), nuclear (2%), termelétrica e outras (1%).

A biomassa atingiu em novembro último 11.250 MW em potência instalada, em suas 474 usinas em operação. De acordo com a União da Indústria de Cana de Açúcar (Unica), o número representa um marco, superando a capacidade a ser estabelecida pela hidrelétrica de Belo Monte até 2019, de 11.233 MW.

O País é considerado o que mais utiliza esse recurso na produção de energia. De acordo com a pesquisa realizada pela IEA Bioenergy Task 40 – divisão especializada em bioenergia da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), a biomassa representa no Brasil 16% do uso mundial do recurso, seguida dos Estados Unidos (9%) e Alemanha (7%).

Apenas a parte que se refere à produção de energia a partir do bagaço de cana o potencial de produção de energia para o Sistema Interligado Nacional (SIN) é superior a 8,4 GW médios até o ano de 2022. De acordo com Plano Decenal de Expansão de Energia 2022, 1,8 GW já foi contratado nos leilões de energia com início de suprimento até 2018.

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aponta a biomassa do bagaço da cana a principal fonte de geração do País, com 9.180 MW (81,6% do total), seguida pelo licor negro (subproduto do processo de tratamento químico da indústria de papel e celulose), que representa 1.530 MW, somando 13,6% do total. O restante é preenchido pela geração por meio de resíduos de madeira, biogás, carvão vegetal, dentre outros.

O potencial desta fonte está localizado principalmente nos estados de São Paulo, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná, próximos dos maiores centros consumidores de energia.

Diversos projetos vêm sendo desenvolvidos e disseminam o uso do recurso. O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), localizado em Piracicaba (SP), possui uma parceria com a fabricante de equipamentos New Holland desde o ano de 2010. A parceria consiste na prestação de serviços de suporte técnico na adequação e aprimoramento de sistema de recolhimento de palha no segmento de cana de açúcar.

O projeto busca utilizar a palha da cana (gerada na colheita mecanizada) para produção de energia. Samir Fagundes, especialista em cana e biomassa da New Holland, afirma que o projeto tem um viés de grande importância econômica dentro das usinas, já que se trata de uma matriz com menor custo por geração de MW/h.

O processo se divide em uma série de etapas, começando pelo acúmulo da palha gerada após a colheita mecanizada da cana-de-açúcar. Depois desta fase, a palha permanece exposta ao tempo por um período de até dez dias para que seque. Quando o material estiver com cerca de 10% de umidade, é feito o aleiramento, que reúne a palha em linhas (leiras). Em média, há cerca de 150 kg de palha seca para cada tonelada colhida, o que totaliza, aproximadamente, 15 t de palha por ha ao ano, dos quais são retirados do campo de 50% a 60%, de acordo com as condições edafo-climáticas do local.

Fonte: Revista O Empreiteiro

Deixe um comentário