Da habitação popular à infra-estrutura portuária

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O mercado se surpreende, a concorrência resmunga. Para o superintendente da WTorre Engenharia, braço de Engenharia de Construção do grupo, Francisco Caçador, mineiro e triangulino – isto é, nascido em Uberada no Triangulo Mineiro – os novos contratos conquistados são resultado da estratégia empresarial de Built to Suit, da qual o grupo foi um dos pioneiros no País. A WTorre também introduziu, anos atrás, no mercado brasileiro, o processo tilt-up, de pré-fabricação de painéis de concreto, notável pela velocidade e qualidade na execução das edificações industriais, que há muito deixaram para trás o apelido de galpões, por causa das dimensões gigantescas que assumiram.

Só que a empresa levou a abordagem Built to Suit a novos níveis de sofisticação. Assim é que o dique seco na região do Porto de Rio Grande (RS), que está sendo executado para a Petrobras, é o exemplo mais eloqüente. No valor de R$ 440 milhões, a obra destinada a construir cascos de plataformas semi-submersíveis para produção de gás e petróleo, na plataforma continental brasileira, será construído com 20% de investimentos da WTorre e 80% da Rio Bravo, empresa de investimentos, e será locada pela Petrobras pelo prazo mínimo de 10 anos. O contrato compreende a cessão do terreno, construção do dique seco e sua manutenção durante o período.

Este projeto de engenharia representa o ingresso do grupo no setor de infra-estrutura portuária, onde Francisco Caçador vê forte potencial de crescimento. “Todos os grandes projetos de siderurgia, mineração, papel e celulose e petroquímica, se voltados para exportação, demandam um terminal marítimo próprio, para fugir dos custos dos portos existentes. Há muito espaço para crescer”, afirma.

Esses gigantescos projetos industriais levam à criação de novos pólos regionais de desenvolvimento, um dos alvos da estratégia empresarial do grupo. O dique seco de Rio Grande vai gerar 5 mil empregos, e isso abre a perspectiva de se instalar um novo núcleo urbano, a exemplo do empreendimento que a Guanandi – outra empresa do grupo – está erguendo em Parauapebas, no Pará, para atender à demanda das minas de ferro e novos projetos da Vale em Carajás, além de outras mineradoras na região.

É WTorre Engenharia que está executando a construção de 2.500 casas até maio de 2009, que podem ter uma das cinco plantas, variando de 51 a 124 m2, montadas como se fosse uma linha de montagem. O processo pioneiro é todo industrializado, do começo ao fim. O empreendimento, batizado de Viva Vida, prevê 7.500 casas, de qualidade compatível ao processo tradicional de construção imobiliária. Entretanto, muitos dos serviços artesanais da construção convencional foram eliminados pelo novo método. A obra é financiada pelo Bradesco, que também financiará os futuros proprietários.

Estes empreendimentos habitacionais para atender a grandes projetos industriais, segundo Francisco, são uma tendência irreversível. Uma década atrás, a empresa industrial teria erguido uma vila habitacional para funcionários, dotada de infra-estrutura, com recursos próprios. Entretanto, diz ele, as empresas hoje buscam focar o seu core business, o que significa terceirizar essas demandas de infra-estrutura, que além de habitações de qualidade, incluem escolas, hospital, facilidades de cultura e lazer – para atrair e reter a mão-de-obra, cuja oferta corre atrás da demanda.

Quanto aos comentários dos seus concorrentes, Francisco foi direto no assunto: “Ganhamos a licitação do dique seco realizado pela Rio Bravo porque tínhamos a concessão de um terreno em Rio Grande, em águas abrigadas, com calado natural de 16 m, quando a exigência técnica era de 12,5 m. Além disso, os nossos concorrentes apresentaram terrenos que exigiam extensos trabalhos de dragagem para obter o calado mínimo de navegação, de alto custo.”

Francisco Caçador lembra ainda que uma das forças do grupo WTorre é sua sinergia interna, com empresas dedicadas a investimentos, empreendimentos imobiliários, engenharia, óleo e gás – que responde pelo dique seco de Rio Grande. “Elas fazem um pool de expertise para montar uma proposta vencedora”, diz.

Engenheiro civil, oriundo da Escola de Construção Industrial Mineira, Francisco Caçador realizou obras siderúrgicas e de mineração que marcaram época, como a Usiminas. Está na WTorre desde 1994 e assumiu a superintendência da empresa de Engenharia em março de 2007. O objetivo dessa empresa é prestar serviços de construção para todos os negócios do grupo, erguendo desde hipermercados como Carrefour e WalMart, a edifícios empresariais, passando por obras industriais e de infra-estrutura, como o dique seco, e empreendimentos urbanísticos. Francisco Caçador confessa a sua paixão pelo que faz e pelas conquistas do dia a dia. “É disso que eu gosto, afirma”.

A WTorre Engenharia projeta 100% de expansão na receita equivalente este ano, atingindo de R$ 900 milhões a R$ 1 bilhão.

Fonte: Estadão


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