Dos dias 13 a 16 de setembro aconteceu no Rio de Janeiro a 15ª edição da Expo Rio Oil & Gas 2010. |
Com o lema “Auto-suficiência do Brasil em petróleo: uma nova era de oportunidades e desafios”, a feira abriu discussões e consolidou a importância brasileira na indústria petrolífera. Durante todo o evento o Brasil era o foco, principalmente para as empresas estrangeiras que aqui estavam. Exposição de produtos, serviços, idéias, troca de informações entre pessoas e empresas com identidades diferentes, todos com um único objetivo: estar e negociar no mercado de óleo e gás.
Foi uma feira de recordes. O Rio Centro, no último dia da Rio Oil & Gas, contabilizava que 46 mil visitantes, de 51 países, haviam passado pelos corredores da exposição e conferências. O número foi superior em 15% ao público de 39 mil pessoas da última edição, em 2008. Este ano, para a conferência técnica, foram inscritos mais de 1.000 trabalhos, dos quais 800 foram selecionados e apresentados nos quatro dias da Expo. O número de painéis técnicos também dobrou em relação à edição 2008 da Rio Oil & Gas, desta vez com 22 painéis realizados.
O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), João Carlos de Luca, ressaltou este crescimento dizendo que a Expo mostra sua importante dimensão internacional. “Em 2008, discutíamos aqui a auto-suficiência (em petróleo). Hoje falamos das descobertas do pré-sal e do futuro, com o potencial de sermos grandes exportadores de petróleo e derivados. Esta não foi só a maior Rio OIl & Gas. Foi a melhor de todas as edições”.
“O Rio é a capital do petróleo”. A frase poderia ser mais um chavão não fosse essa afirmação do presidente em exercício da Petrobras, Paulo Roberto Costa, isso depois de dizer que a Offshore Technology Conference (OTC), feira realizada em Houston, nos Estados Unidos, deveria ser realizada na cidade no Rio, sob a organização do IBP.
Uma vitrine institucional
A maioria das empresas que estiveram na Rio Oil & Gás teve como objetivo principal de participação solidificar a imagem institucional, conhecer novos clientes e o que traz de novo a concorrência. Alguns estandes exibiam produtos, outros apenas serviços, mas a geração de oportunidades e possibilidade de negociações diretas com o alto escalão das empresas, já faziam destes negociadores privilegiados. Em geral o que se via naquelas ruas de carpetes coloridos eram pessoas querendo ver e serem vistas. Alguns estandes como o da Sea Oil , por exemplo, foram montados na Expo com a intenção de ser um ponto de encontro para clientes e amigos e reproduziram, mais uma vez, o sucesso dos últimos três anos, com um bar tipicamente carioca. “Os negócios são consequência dos contatos que fazemos aqui”, disse-nos Monica Maia, gerente comercial da empresa.
Outros recebiam os clientes com comidas de seus países ou estados, mostravam decorações futuristas e exóticas. Alguns montaram verdadeiras demonstrações da vida nas plataformas ou até mesmo evidenciavam seus patrocínios, como o Ferrari da Fórmula 1 no estande da Shell, que congestionou os corredores. A China tomou grande parte de um pavilhão e chamava atenção pela pujança aliada à necessidade de se dar a conhecer. Uma energia de negociações no ar, executivos de todos os gabaritos reconhecendo oportunidades através de negócios e informações novas, um cem número de estudantes e profissionais da área de petróleo circulando pelos pavilhões dando a impressão que estavam em um mundo a parte, o mundo Oil & Gas, da possibilidade, da confiança em um futuro promissor e em um gigante chamado Brasil.
Além de estar com um dos estandes mais chamativos da feira, a Petrobrás contou com Shows da Cia de Dança de Débora Kolker, atividades paralelas, jogos de luzes e muita gente circulando e acessando os terminais interativos de vídeos. Também trouxe à feira palestras, como as do diretor de Abastecimento, Paulo Roberto Costa (representando o presidente José Sergio Gabrielli), da diretora de Gás e Energia, Graça Foster, do presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, e alguns gerentes da
companhia. Mesmo com essa diversidade de atividades um dos momentos mais concorridos da Petrobrás, na Rio Oil & Gas, foi mesmo o lançamento de um convênio chamado Programa Progredir, que pretende facilitar o crescimento do número de negócios e ser um instrumento capaz de promover a oferta de crédito em volume e condições que favoreçam a ampliação da base e o crescimento sustentável da cadeia de fornecedores da empresa.
O Programa, que começará a atender a partir de fevereiro de 2011, é destinado aos fornecedores da Petrobras diretos e indiretos com foco especial naqueles que apresentam maior dificuldade para levantar financiamentos e alavancar sua produção. É também baseado na concessão de crédito lastreado nos recebíveis ainda não performados (que são resultantes de contratos futuros de entregas ou prestação de serviços). O crédito facilitado pelo programa não envolverá recursos da Petrobras, mas a Companhia será o elemento âncora do Programa, já que os recebíveis gerados pela Petrobras proverão maior suporte e garantia à concessão de crédito não performado para toda a sua cadeia de fornecimento.
A iniciativa foi desenvolvida em conjunto com seis dos maiores bancos de varejo em operação no Brasil – Banco Bradesco S.A., Banco do Brasil S.A., Banco Santander (Brasil) S.A., Caixa Econômica Federal, HSBC Bank Brasil S.A. – Banco Múltiplo, Itaú Unibanco S.A. – com o BNDES, com o Programa Nacional de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp) e com entidades de classe representativas da indústria fornecedora de bens e serviços no país.
Licitações
A ANP pretende retomar as rodadas de licitações no início de 2011. O presidente da Agência Nacional do Petróleo Gás e Biocombustíveis (ANP), Haroldo Lima, disse que ainda este ano deve estar pronto o edital dos próximos leilões. As rodadas de licitações de áreas de exploração e produção de petróleo e gás, que eram anuais, antes da descoberta das jazidas gigantes do pré-sal, não são realizadas há dois anos.
De acordo com Lima, que também participou da abertura do evento, a próxima rodada, que vai licitar áreas fora das regiões em que estão as grandes descobertas do pré-sal, deverá acontecer nos primeiros meses de 2011. O secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio Almeida, que representou o ministro Márcio Zimmermann na cerimônia de abertura do evento, foi outro que confirmou a intenção de realizar a licitação no começo do ano que vem.
Almeida acrescentou que, ainda no primeiro semestre do próximo ano, o governo deve realizar as licitações das áreas do pré-sal sob o novo regime de partilha. O secretário disse que a evolução da capacidade da indústria nacional para atender à demanda por bens e serviços de exploração e produção de petróleo também irá ditar o ritmo das futuras licitações de novas áreas de exploração e produção na área. Segundo ele, se não houver capacidade da indústria brasileira para atender aos requisitos de conteúdo nacional das atividades de exploração e produção, as licitações serão adiadas até que os fornecedores possam se preparar para responder a essas necessidades.
Negócios
Outro destaque da Rio Oil & Gas foi a rodada de negócios organizada pelo Sebrae e pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo e Gás (Onip) que gerou expectativa de R$ 138 milhões em negócios para os próximos doze meses. Esta avaliação foi feita pelas 27 empresas âncoras que participaram da Rodada realizada nos dias 14 e 15. O valor é 16% superior ao registrado na edição passada, que foi de R$ 119 milhões.
Os grandes compradores da edição 2010 foram: BR Distribuidora, Camargo Corrêa, Chevron, Delp, El Paso, Estaleiro Aliança, Estaleiro Keppel Fels, Estaleiro Mauá, FMC, Global Industries, Lupatech, Petrobras (Cadastro), Petrobras – UO-BC, Nuclep, Petroreconcavo, SOG – Óleo e Gás, Shell, Superpesa, Technip, Transocean, Transpetro, Usiminas Mecânica, UTC Engenharia, Vanasa, Weatherford, Wellstream e Weg.
Alfredo Renault e Bruno Musso, superintendentes da ONIP informam que “nos dois primeiros dias da Rodada, foram realizadas 596 reuniões e o número de empresas fornecedoras foi de 233, ou seja, 17% acima da edição de 2008. Segundo Renault “a maior evolução que houve nestes quatro anos de feira foi na metodologia de trabalho. Bruno completa que ”com o objetivo de dar maior qualidade às reuniões foi criado um software com um cronograma que cruza demanda com oferta, nenhuma empresa que não esteja na demanda informada é agendada. Com isso valorizamos o tempo do empresário.”
Bruno Musso, foi um dos palestrantes do painel “Desafios de Política Industrial para Maximizar a Competitividade e o Conteúdo Local na Cadeia de Suprimentos”, realizado no primeiro dia de feira. Na oportunidade, Musso apresentou e coordenou o painel, fazendo uma análise do setor de petróleo e gás. Para ele, “os principais desafios das empresas brasileiras são a elevada carga tributária, a falta de investimentos em P&D (abaixo da concorrência) e o déficit da mão de obra voltada à área offshore”.
A Rio Oil & Gas 2010 promoveu também o encontro entre as 16 Redes Petro estaduais do país, que reúnem micro, pequenas e médias empresas fornecedoras da cadeia produtiva de petróleo e gás.
Resultado da parceria entre o Sebrae e a Petrobras, a Rede Petro representa mais de 750 empresas que fabricam bens ou prestam serviços aos segmentos de exploração, produção, refino, petroquímica, transporte e distribuição. A Rede Petro Brasil, que agrupa todas as redes estaduais, foi consolidada há um mês – apesar de a primeira ter sido fundada há cerca de dez anos, no Rio Grande do Sul – e a Rio Oil & Gas foi o primeiro momento de participação da rede nacional em um grande evento.
Todos os representantes estaduais da rede participaram da Rodada de Negócios e trouxeram companhias associadas. O Leste Fluminense, por exemplo, trouxe seis empresas da região e a rede do Rio de Janeiro, outras 32. Já a Rede Petro do Rio Grande do Sul, esteve com quinze empresas participantes, que vieram ao Rio prospectar mercados, potenciais compradores e buscar novas tecnologias e inovações. A rede de Minas, a maior do país, marcou presença pela quarta vez com 14 empresas e a da Bahia trouxe 35 companhias.
Além da representatividade da Bahia e outros estados do Nordeste (esta parte do Brasil aonde o PIB vem se desenvolvendo em dobro comparativamente ao resto do país), o estande do Estado de Sergipe chamava atenção com sua homenagem a cultura popular do estado em bandeirinhas de São João e rendas inglesas, mas mais do que a aparência do estande, sui generis para um feira, os sergipanos chegaram ao Rio de Janeiro cheios de novidades tecnológicas e vontade de se darem a conhecer.
Sandro Tojal da SigmaRhoh do Brasil confere o êxito da participação dos sergipanos na Rio Oil & Gas a um trabalho anterior que vem sendo desenvolvido com o nome de Projeto Petróleo e Gás, de responsabilidade da gestora Ana Lucia Nunes e do Engenheiro Aladio, respectivamente SEBRAE e Petrobrás”. Segundo Ana Lúcia, há uma preocupação do SEBRAE em garantir a participação das empresas como operadoras com qualidade, inovação e empreendedorismo. “Conseguimos mostrar que a pequena empresa tem competência e pode ousar, mas não estamos sozinhos nisso, além dos empresários o SEBRAE conta com Universidades, Centros de Pesquisa,um parque tecnológico e o apoio do Governo do Estado, toda uma cadeia de inteligência que dá suporte às nossas ações”. E continua, “somos hoje finalistas da FINEP em evolução tecnológica e temos pequenos e médios empresários exportando equipamentos, idéias e materiais para China, Canadá, EUA, Romênia, Argentina, dentre outros países”.
A SigmaRhoh de Tojal trouxe os equipamentos para exibir, por acreditar que o consumidor quer ver o produto. “ Nós viemos de Aracaju com uma logística incrementada, mas na minha área, de equipamentos industriais, já percebi que funciona o cliente ver o produto, pegar pra crer na qualidade que este tem. É um mercado em que a confiança no material é um dos principais aliados para a venda, você não pode errar na compra, pois há muito em jogo num poço ou plataforma.
Já Tulio Brunstein da AçoTubo de São Paulo crê que seu certificado de origem, com parecerias com grandes empresas como Gerdau e V&M lhe asseguram garantia. Mesmo assim exibia seus produtos em vitrine. Brunstein nos conta de um mercado em crescimento. “Nossa atuação se dá, também, onde as Usinas não conseguem atender e o mercado é demandado por necessidades não planejadas. Temos a maior diversidade de produtos da área, com diferentes bitolas e diâmetros e como somos um grupo de empresas (AçoTubo, Incotep e Artex) atendemos o cliente com uma gama de produtos que compõe algumas necessidades. Cem por cento (100%) do que vendemos é nacional e ser nacional é saber da procedência e certificado, é estar a altura da qualidade que, por exemplo, a Petrobrás (nosso maior cliente) exige, inclusive com especificações técnicas”.
Apesar da mobilização do mercado para que a proporção de peças e equipamentos brasileiros usados na prospecção de petróleo pela Petrobrás seja maior, a produção em solo brasileiro é uma realidade crescente – prova disso é a área de umbilicais. Jorge Minas Hanmal, diretor de marketing da Prysmian, antiga Pirelli Cabos, diz não ter conhecimento da importação de umbilicais, que 100% dos produtos utilizados são comprados no Brasil. “A Prysmian é um grupo queatua no desenvolvimento, projeto, produção, fornecimento e instalação de uma ampla variedade de cabos para os setores de energia e telecomunicações. Detemos 25% do market share brasileiro em umbilicais, além de exportar para África e Estados Unidos. Produzimos 180 quilômetros por ano de cabos umbilicais, o que equivale a 80 m
ilhões de dólares e com a expansão da fábrica de Vila Velha, no Espirito Santo, com certeza veremos esses números subirem consideravelmente.
O crescimento do mercado petroleiro no Brasil dos tempos de pré-sal, a diversidade de empresas, equipamentos e serviços na Rio Oil & Gas, revelam que mais do que promissor esse mercado envolve diferentes vertentes em áreas que necessitam de especialização. A Fast Engenharia, é um exemplo, a empresa existe há 24 anos e presta serviços de apoio a obras com estruturas tubulares e maquinarias. Fabio Monforte, gerente comercial conta que só começaram a trabalhar com OffShore em 2000, época de reaquecimento do mercado naval e foi quando viram uma possibilidade nova com andaimes e elevadores para plataformas. “Desde então nos especializamos cada vez mais e passamos a produzir peças industriais diferenciadas para atender às peculiaridades das diversas obras em plataformas. Cada obra é um projeto novo, então desenvolvemos novos equipamentos para termos segurança e qualidade de serviços para atender, inclusive, em regimes de urgência. A feira nos permite discutir e mostrar as inovações e aprender muito com clientes e concorrência”.
Profissionais do futuro
Ainda na abertura da feira já podíamos sentir o que aconteceria a seguir pelo discurso dos participantes, como o do diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que dizia dos próximos desafios da Petrobras, envolvendo a capitalização e a preparação de recursos humanos. Era notória a preocupação das empresas e instituições com o tema formação profissional.
O grande desafio do Brasil nos próximos anos será o de dar escala à sua indústria petrolífera e encontrar profissionais qualificados para atender a toda a demanda. A Rio Oil & Gas destacou a participação dos estudantes entre suas atividades. 1750 estudantes de áreas relacionadas à indústria de óleo e gás participaram do programa Profissionais do Futuro. O programa ofereceu palestras, mesas redondas e visitas a empresas e estandes da feira durante os últimos quatro dias do evento.
De acordo com o coordenador executivo do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp), José Renato Ferreira de Almeida, a Petrobras gerou 200 mil postos de trabalho no ano passado, contra 192 mil de 2008, e trabalha com a expectativa de criar aproximadamente 300 mil em 2013. “Isso sem contar a indústria de bens e serviços”, afirmou.
Em palestra para cerca de 200 estudantes do programa Descobrindo o Profissional do Futuro, na Rio Oil & Gas, José Renato fez um histórico do Prominp, criado pelo governo federal em 2003 com o objetivo de maximizar a participação da indústria nacional de bens e serviços, em bases competitivas e sustentáveis, na implantação de projetos de petróleo e gás natural no Brasil e no exterior.
De acordo com a gerente de cursos do IBP, Renata Ribeiro, até o final de 2010, o Prominp terá qualificado 78 mil pessoas, em 15 estados do país. Além destes profissionais, foi identificada a necessidade de qualificação de mais 207 mil pessoas até 2013, em 185 categorias profissionais e 13 estados, com previsão de recursos adicionais de R$ 550 milhões.
“Estamos trabalhando no “Prominp Tecnológico”, que é a estruturação do Plano de Desenvolvimento Tecnológico Industrial, e vem focando suas ações no apoio ao desenvolvimento e implantação de tecnologias de base em toda a cadeia de fornecimento. O objetivo é contribuir para o aumento da competitividade da indústria nacional a partir da obtenção de ganhos de produtividade, redução de prazos e custos e do aumento da capacidade produtiva”, disse Renata.
Desde 2003, o programa de investimentos do setor tem sido sucessivamente ampliado, especialmente após a descoberta das reservas do pré-sal, e pulou de US$ 35 bilhões no período 2003-2007 para US$ 190 bilhões no período 2009-2013, apenas no Brasil. Ou seja, o desafio atual da indústria nacional no fornecimento de bens e serviços para o setor de petróleo e gás natural é quase seis vezes maior do que no início do Programa.
Na plenária final, antes da cerimônia de encerramento, a gerente-executiva de Exploração e Produção da Petrobras, Solange Guedes, também destacou a necessidade da indústria de óleo e gás de atrair novos talentos e traçou um panorama do setor até 2030. Apresentou também palestra na plenária o diretor de Mercados de Energia e Segurança da Agência Internacional de Energia (IEA), Didier Houssin, que falou sobre o cenário energético mundial.
Debates
O painel “Tendências para a Ind&uacu
te;stria de Refino no Mundo”, apontou para uma concentração cada vez maior do consumo e produção de produtos refinados nos países emergentes, enquanto que nos países desenvolvidos este mercado está perdendo força. Isto se deve, principalmente, às restrições ambientais cada vez mais rigorosas na Europa e nos EUA e à queda do consumo de gasolina nestas regiões. Para o vice-presidente de Consultoria Estratégica da KBC Consultant, John Dosher, há perspectivas de mudanças radicais na indústria de refino.
O Brasil é um exemplo de como os países emergentes vão impulsionar o crescimento do setor nos próximos anos. A Petrobras vai investir em novas refinarias e abastecimento US$ 73,7 bilhões até 2014, sendo que metade em novas instalações e 11% em melhorias. Além das 12 refinarias já existentes no país, a empresa está construindo outras quatro (Premium I, Premium II, RNEST/Abreu Lima e Comperj). Isto vai aumentar a produção nacional dos atuais 1,8 milhões de barris por dia para 3,1 milhões até 2020.
Apesar das perdas significativas apresentadas pelo mercado mundial nos últimos 18 meses – de 2,4 milhões de barris por dia – o diretor-executivo de Refino, Planejamento e Avaliação da HART Energy Consulting, Rodrigo Favela Fierro, afirmou que a capacidade de refino no mundo vai crescer 15% até 2020, passando para 102 milhões de barris por dia, o que comprova que este é um mercado promissor.
Enquanto os países de economia madura penam com taxas de crescimento baixas, os países em crescimento – como os da Ásia e da América Latina – apresentam taxas mais elevadas e uma expansão acelerada do consumo, o que reflete no mercado de refino. Enquanto a demanda por gasolina irá aumentar até 2025 de 42% para 58% na China e na América Latina de 47% para 53%, por exemplo, na Europa vai haver redução de 31% para 22% no período, segundo John Dosher.
Outra tendência apontada durante o painel é o fortalecimento do setor petroquímico e a integração entre esta área e o refino. “As empresas não podem perder a oportunidade de diversificar suas atividades e integrar refino e petroquímica é um destes caminhos. Isto pode trazer mais rentabilidade para a operação e otimizar os processos nesta indústria”, diz Dosher.
No Brasil a sustentabilidade na produção do óleo foi atingida após o início da extração da matriz energética na Bacia de Campos, na década de 80. O país permanece, entretanto, importando óleo do tipo leve. Para manter a auto-suficiência terá que somar um bilhão de barris de petróleo por ano às suas reservas.
Biocombustíveis e a demanda crescente
O presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, destacou, durante apresentação na sessão plenária “Desafios dos Biocombustíveis”, realizada na tarde da segunda-feira (13/9) na Rio Oil & Gas, o crescente papel que os estes, ao lado de energias renováveis, como a solar e a eólica, terão na transição da matriz energética mundial. “Esse potencial de crescimento em escala mundial é impulsionado pela demanda de produção de energia renovável puxada pela agenda ambiental”, afirmou.
Nesta linha, a Petrobras prevê investimento de US$ 3,5 bilhões em produção, logística e pesquisa de biocombustíveis, de acordo com o Plano de Negócios 2010-2014. Sobre o setor sucroenergético, o presidente comentou que os movimentos realizados nos últimos dois anos contribuíram para reposicionar positivamente o setor.
O diretor de Biodiesel da Petrobras Biocombustível, Alberto Fontes, moderou o painel “O Mercado de Biocombustíveis”, e disse que o avanço destes na matriz energética brasileira é um caminho sem volta. “Esse é um mercado crescente por conta das características e qualidades do biodiesel e pelas condições do Brasil, que é um país tropical e tem grande volume de produção de matéria-prima”. Fontes disse ainda que a Petrobras pesquisa projetos com glicerina, resultante do processo de produção de biodiesel, para injeção em poços maduros a fim de aumentar o fator de recuperação, entre outras finalidades. “Os projetos estão em fase de desenvolvimento tecnológico, mas temos um leque imenso de oportunidades de agregação de valor para a glicerina”.
Inovação tecnológica
A inovação tecnológica já é marca da Rio Oil & Gas que apresentou este ano muitas novidades. Ramon Vazquez, presidente da Mills, por exemplo, sinaliza que “o evento é uma oportunidade para geração de negócios e fortalecimento da relação com clientes e fornecedores. O momento é importante para apresentar e lançar produtos e serviços na área de soluções em engenharia, especialmente voltados para os setores
petrolífero, de gás e energia. Como estamos sempre trazendo novas soluções em produtos e serviços, o evento gera excelente visibilidade no mercado”.
A empresa este ano lançou o Mills Habitat, um módulo de PVC para a realização de trabalhos a quente em plantas industriais com enclausuramento seguro. É possível agora operar soldas, queimas e corte em plataformas e refinarias, ambientes estes com risco de explosão, com segurança e eficiência. Fruto de parceria com a escocesa SafeHouse, o equipamento é composto por painéis anti-chama, flexíveis e modulares, e tem diferenciais como controle de detecção de gás, componentes leves e reutilizáveis, além de serem fáceis e rápidos de montar.
Já a empresa brasileira Engepetrol, de Mossoró, no Rio Grande do Norte, trouxe para a feira uma nova máquina, o extrator para válvula, usado para garantir a segurança na retirada de equipamentos em bombas de superfície. O equipamento dá mais agilidade operacional para as empresas do setor. Outra solução apresentada pela companhia é o divisor para coluna de produção, caracterizado por ser swivel (sistema giratório) e possibilitar o acoplamento dos seus subconjuntos, por meio da movimentação do elevador de tubos.
Homero Pessoa Pinto, da Engepet, de Aracaju, veio para a Expo com um projeto que permite que os poços envolvidos nos projetos de injeção cíclica de vapor possam ser, alternadamente, injetores de vapor e produtores de óleo sem a necessidade de sonda para trocar os equipamentos de injeção pelos de produção e vice versa. Na feira já fechou negociação deste processo com a Ar
Fonte: Estadão