Deere terá distribuidores dedicados aos negócios da construção

Empresa não pretende usar extensa rede de concessionárias de máquinas agrícolas para vender equipamentos para obras no Brasil

Augusto Diniz — Indaiatuba (SP)

Quando as duas fábricas da Deere entrarem em operação no final de 2013 em Indaiatuba (SP), as máquinas lá produzidas serão comercializadas por meio de empresas de representação especializada no ramo. Assim, a companhia americana acredita estar mais preparada para disputar o mercado brasileiro desse segmento. 
De acordo com Aaron Wetzel, presidente da John Deere Brasil, o fato das concessionárias de máquinas agrícolas – cerca de 200 em todo o País – ficarem 60% localizadas fora dos grandes centros, faz com que ela procure empresas de representação e também trabalhe com um pequeno grupo de vendedores próprios.

“Os negócios de construção estão no Rio de Janeiro e São Paulo. Precisamos de gente que conheça este mercado”, explicou o executivo durante o lançamento da pedra fundamental das unidades fabris que construirá em Indaiatuba.
A empresa aposta também na importação de máquinas de terraplanagem, já que possui grande desenvolvimento de equipamentos nessa área. A informação é de Samuel Allen, CEO da Deere, que participou do evento, ao qual também estiveram o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o prefeito de Indaiatuba, Reinaldo Guimarães. O CEO frisou que não teme o fato da companhia ser muito identificada no Brasil como uma empresa do ramo agrícola. “Somos a 1ª da área agrícola e a 2ª da construção nos Estados Unidos. Porque não podemos ser líderes aqui também na construção?”, argumentou.

MATRIZ DA AMÉRICA LATINA

O início da construção das duas novas fábricas da Deere foi marcado pelo anúncio da mudança da matriz da empresa de Porto Alegre (RS) para Indaiatuba, que se torna o centro de operações na América Latina. A nova matriz concentrará as operações agrícolas, de serviços financeiros e agora de construção da Deere.

Cerca de 400 funcionários da sede do Sul do País se transferirão para a cidade paulista. A matriz ficará em antigo prédio ocupado pela empresa Ericsson. No total, serão 500 trabalhadores na nova sede.

A John Deere já atua no Brasil há mais de 30 anos, e atualmente mantém  em atividade três fábricas de equipamentos de agricultura (Horizontina e Montenegro-RS e Catalão-GO) e um centro de distribuição de peças em Campinas (SP).

FÁBRICAS

O investimento nas duas fábricas em Indaiatuba será de US$ 180 milhões. Uma das fábricas será construída em parceria com a japonesa Hitachi. A Deere investirá no total US$ 124 milhões e a Hitachi, US$ 46 milhões.
Michijiro Kikawa, presidente e diretor-executivo da Hitachi Construction Machinery, explicou que a parceria começou em 1988 nos Estados Unidos para dar impulso aos negócios de escavadeira hidráulica da empresa japonesa. As duas companhias também possuem acordo de marketing nas Américas.

A fábrica exclusiva da Deere produzirá dois modelos retroescavadeiras e cinco modelos de pás-carregadeiras de quatro rodas. A unidade em parceria com a Hitachi produzirá somente escavadeiras.

O projeto das fábricas é da americana Ghafari, que manterá os padrões utilizados em outras unidades fabris da Deere. Um grupo de engenheiros da Deere estuda o fluxo dos trabalhos do complexo industrial, que inclui corte de chapa, soldagem, usinagem, montagem e pintura.

A previsão é que a terraplanagem da área de 500 mil m² onde será erguida a fábrica termine em março. Em maio deverá ter início as obras civis. A montagem industrial deverá ocorrer conjuntamente com os trabalhos de construção predial. Uma fábrica terá 20 mil m² e a outra, 30 mil m². A inauguração está prevista para o segundo semestre de 2013.
Não foram definidas ainda as empresas responsáveis pela construção das duas fábricas. Ambas unidades industriais deverão empregar 600 pessoas quando estiverem prontas.

De acordo com executivos da Deere, seis fornecedores da cadeia de produção de máquinas da empresa se interessaram em se instalar na zona industrial de Indaiatuba para fornecer componentes às fábricas. Duas já até compraram terrenos próximos.

Fonte: Padrão

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