Está por aí, divulgado na imprensa, o relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), alertando para um número extraordinário: no decorrer deste ano poderá chegar a 202 milhões o número de desempregados no mercado global de trabalho. Teria ocorrido, em relação ao ano passado, acréscimo de 6,1% de desempregados. Em 2011, aquela agência da Organização das Nações Unidas (ONU) contabilizou 196 milhões de pessoas que não tinham ou haviam perdido os seus empregos.
Se tanta gente, de um momento para outro, fica de braços cruzados, atirada no pior dos mundos pela carência de renda, conclui-se que o capital está funcionando desastradamente, mandando para as urtigas aquele que seria o seu papel mais importante: instigar o crescimento econômico.
Para preservar-se – e preservar o privilégio de quem o manipula – o capital dá de ombros às possibilidades do crescimento e da multiplicação de postos de trabalho adotando a austeridade, que é o pior remédio para qualquer economia, sobretudo em época de vacas magras. Austeridade tem significado, historicamente, redução de salários, aviltamento de aposentadorias, corte de investimentos em serviços prioritários, falta de injeção de ânimo em atividades produtivas. Com o agravante do que isso representa para a cultura, ascensão social, melhoria de padrão de vida e oportunidade para os jovens que saem dos bancos universitários.
Custou muito, mas, enfim, o capital aperfeiçoou os seus instrumentos de intervenção em qualquer região. Hoje, o país que deixar de cumprir as metas globais do capital tem de entregar-se ao desespero da falta de caminhos próprios para o crescimento. Todos se tornaram reféns do capital. Um dado, porém, merece alerta: a austeridade extrema leva à recessão e, esta, pode um dia provocar a rebelião global. A recessão é um tiro no pé da economia.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira