2012, JULHO
No fundo do poço. O ano, nesse mês, começou mal para a Delta Construção. O governou declarou que ela era inidônea. Isso representou uma dura ameaça para a empresa, que tinha a receber mais de R$ 1 bilhão por conta de contratos com órgãos federais. O processo que levou o governo àquela decisão resultou da chamada Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que apurou suspeitas do envolvimento de diretores da Delta com o grupo do empresário Carlos Cachoeira.
México e Brasil. Enrique Peña Nieto é eleito presidente do México e recoloca o Partido Revolucionário Institucional (PRI) no poder. Diz que entre o seu país e o Brasil há muita coisa a ser costurada, sobretudo em relação à integração política, cultural e econômica. Considera que o modo como o Brasil fez a abertura de capital da Petrobras “é um exemplo internacional”.
O calvário de Demóstenes. Senado decide, em sessão aberta, cassar o mandado de Demóstenes Torres, que pertencia à chamada “bancada ética” da casa. Ele foi flagrado em escutas, pela Polícia Federal, envolvido em esquema criminoso comandado por Carlos Cachoeira.
Superfaturamento na Norte-Sul. Peritos analisaram trecho da Ferrovia Norte-Sul, entre Palmas (TO) e Anápolis (GO), contratado por R$ 622 milhões. Não deu outra. Comparando os preços das construtoras e os do mercado, identificaram superfaturamento superior a R$ 200 milhões. O trecho estava, evidentemente, fora dos trilhos.
Esquecimento. Sérgio Magalhães, eleito para a presidência nacional do Instituto dos Arquitetos do Brasil, diz que o País não projetou seu desenvolvimento urbano. Projetou o desenvolvimento industrial, o agronegócio, mas esqueceu o essencial: a questão urbana.
Vale reavalia projetos. Dúvidas suscitadas em relação ao seu maior mercado, a China, levaram a Vale a anunciar redução de 48,3% nos lucros do segundo trimestre do ano. Ela segue, no caso, o exemplo da Petrobras, e diz ser necessário reavaliar os seus projetos. No caso da Petrobras, o problema foi o aparelhamento partidário. Ela perdeu o rumo até da autossuficiência.
Agosto
Prejuízo da Petrobras. A principal estatal do País veio a público para divulgar o que, no mercado, já se sabia. Informou o registro de um prejuízo de R$ 1,346 bilhão no segundo trimestre do ano. Bem diferente do mesmo período do ano passado, quando obteve um lucro de R$ 9,214 bilhões no primeiro trimestre. Foi o primeiro prejuízo da empresa em 13 anos. A notícia, na mesma ocasião, de que descobrira nova reserva de petróleo, com a perfuração de um terceiro poço na bacia de Santos não foi suficiente para neutralizar o impacto provocado pela divulgação do prejuízo.
Anúncios, promessas. O governo anuncia um pacote de concessões em infraestrutura informando que passará à iniciativa privada a responsabilidade pela construção de obras avaliadas em R$ 100 bilhões. O pacote prevê a concessão de 8 mil km de novas ferrovias e a duplicação de 5.700 km de rodovias. A novidade, com esses planos, foi a criação da estatal EPL – Empresa de Planejamento e Logística.
Tudo nas cidades. Relatório da Organização das Nações Unidas confirma o que se vê: está havendo uma explosão na urbanização do Brasil e dos demais países da América Latina e do Caribe. Pelo documento, 80% da população dessas regiões vivem nas cidades, onde o modelo de crescimento adotado é insustentável.
Morre pioneiro que pisou na lua. Ele disse: “Um pequeno passo para um homem, mas um grande salto para a humanidade”. Foi em 20 de julho de 1969. Naquela data, Neil Armstrong pisou na lua. Ele morreu, aos 82 anos, num hospital em Columbus (EUA), ao submeter-se a uma cirurgia para desobstrução de artérias. O pioneiro da grande aventura lunar era um homem simples, recluso, que nunca aceitou bem o papel de celebridade. Foi um herói do seu tempo.
Setembro
Engenheiros estrangeiros. Cresce o número de engenheiros de outros países que trabalham no Brasil. Em 2010 havia 3.800; no ano seguinte, 4.700 e, em 2012, 5.500. Dentre eles, tem aumentado o número de engenheiros portugueses. E tal número só não aumenta ainda mais por conta da burocracia brasileira. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o País precisa formar, até 2020, entre 70 mil e 95 mil profissionais da área da engenharia, a cada ano.
Visão de historiador. O historiador Marco Antonio Villa faz uma análise do governo Dilma Rousseff e conclui: “É ruim. O crescimento é pífio, a qualidade da gestão dos ministros é sofrível. Os programas estruturantes estão atrasados e o modelo econômico se esgotou.” Diante dessa análise, vem a pergunta: O que resta?
Rainha da celulose. A notícia de que a Eldorado Brasil vai inaugurar, em novembro próximo, sua fábrica de celulose em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, agita a região. No fundo, esse empreendimento e outros mais de segmentos diferentes (a Cargil inaugurou lá uma fábrica de biodiesel e a Votorantim dá impulso a uma siderúrgica) mudaram, radicalmente, o perfil do município. Os moradores de Três Lagoas reconhecem, conforme a manchete de um jornal: “Não somos mais a capital do gado, mas a rainha da celulose”.
Fábrica de celulose em Três Lagoas (MT)
Mensalão. Prossegue o julgamento. E a percepção é de que, se o Supremo Tribunal Federal (STF) falhar e não levar os acusados, depois de comprovados os atos ilícitos, para a cadeia, o País passará pelo maior vexame de sua história.
Outubro
Concessões de aeroportos. O governo, enfim, passa à iniciativa privada, três aeroportos: Guarulhos, cuja concessionária (Concessionária Aeroporto Internacional de Guarulhos) promete modernizar e adotar, ali, tec
nologia de ponta nas operações; Viracopos, que está entregue à responsabilidade do Consórcio Aeroportos Brasil e o Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, sob a responsabilidade do Consórcio Inframérica. Aos três consórcios cabe provar a eficiência que alardearam.
Eric Hobsbawm. Morre, em Londres, aos 95 anos, Eric Hobsbawm, autor, dentre outras, da obra A era das revoluções. O historiador foi um dos maiores intérpretes dos acontecimentos humanos do século passado e deste começo de milênio. Uma vez, circulando por terras brasileiras, disse: “O Brasil é o melhor país do mundo para se viver, se você é rico. Como alguém pode viver no Brasil sendo pobre?”
O historiador Eric Hobsbawm
José Dirceu é condenado. O plenário do STF acolheu, por seis votos a dois, a tese central do mensalão. Segundo ela, José Dirceu, quando ministro da Casa Civil do governo Lula, engendrou e colocou em prática o esquema de compra de parlamentares com recursos públicos desviados e empréstimos obtidos de modo fraudulento pelas empresas de Marcos Valério e pela cúpula do PT. Dirceu foi condenado por corrupção ativa.
Uma estátua para Eike. O empresário Eike Batista manifesta a ideia de que o governo deveria apostar convictamente em suas empresas, pois, graças a elas, o País privará, dentro de alguns anos, de uma base infraestrutural melhor. E disse enfático: “Alguém vai ter de inaugurar uma estátua para mim em algum lugar”.
Apagão. Novo apagão ocorreu no Brasil no começo da madrugada do dia 26 deste mês. Houve falha em equipamento da subestação no Tocantins deixando às escuras a região Nordeste e parte da região Norte. A interrupção de energia foi a quarta registrada em um período de 35 dias. Quando, no ano passado, registrou-se blecaute semelhante, o ministro Edison Lobão, das Minas e Energia, afirmou: “Não houve apagão. O que houve foi uma interrupção temporária de energia”.
Novembro
“Regra do jogo”. A ministra Miriam Belchior, do Planejamento, saiu-se com uma frase que provocou, no mínimo, perplexidade. Ao falar sobre o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), disse que entre 2010 e 2012 foram cumpridos 40% dos gastos previstos até 2014. E, ao referir-se a eventuais retardamentos no encaminhamento de obras de refinarias, ferrovias, rodovias, irrigação etc., afirmou: “Os atrasos são da regra do jogo”. Evidentemente caiu em equívoco: primeiro, porque programa de obras não é jogo e, segundo, porque atrasos não podem ser regra, mas “exceção”.
Joaquim Barbosa. O Supremo Tribunal Federal tem um dia histórico. Pela primeira vez passa a contar, em seus quadros, com um presidente negro. Empossado, Joaquim Barbosa proferiria algumas frases que ficaram célebres, como essa: “Somos o único caso de democracia, no mundo, em que deputados, depois de condenados, assumem cargos e afrontam o Judiciário”.
Abreu e Lima. Essa refinaria, que a Petrobras constrói em Ipojuca (PE), pode ser inaugurada em 2014. Mas a que preço? Segundo dados da Petrobras, o valor da obra saltou de US$ 2,3 bilhões para US$ 17,1 bilhões – aumento que chega às raias do absurdo: 643%. O acréscimo, no entanto, refletiria a variação cambial e outros fatores, tais como os reajustes contratuais.
Carga tributária bate no teto. A carga tributária brasileira bateu no teto e corre o risco de ir além. A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda dá conta de que ela passou do equivalente a 32,47% para 35,31%. O índice, considerado recorde, inclui impostos e tributos arrecadados pelos governos federal, estaduais e municipais e taxas de contribuições como a do FGTS. É muito dinheiro arrancado do bolso do povo.
Dezembro
Morre Oscar Niemeyer. Aos 104 anos morre no Rio de Janeiro o maior arquiteto brasileiro e um dos maiores do mundo em todos os tempos. Polêmico, criticado, mas sempre reconhecido como “gênio da raça”, fazia uma arquitetura a seu modo e não aceitava imposição de regras. Espalhou obras pelo País inteiro e, convocado por JK, projetou as edificações de Brasília, seguindo o traçado urbanístico de outro gênio, Lúcio Costa. A capital federal passou a ser considerada, ao menos até recentemente, como templo da arquitetura moderna. Niemeyer fazia arquitetura como a extensão de uma ação política.
Seca enxuga verbas. A seca cíclica atinge novamente o Nordeste. Mas, dos 1.272 municípios castigados pelo flagelo, apenas 459 viram a cor das verbas federais. É como se a seca enxugasse também o dinheiro que deveria ajudar aqueles municípios.
São Francisco pode acabar. Será? E o que vai ser das populações ribeirinhas? Essas as indagações de quem leu entrevista do biólogo José Alves Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco em Petrolina (PE), ao jornal Folha de S.Paulo. Ele diz que a extinção do velho Chico é inexorável e que “os bancos de areia ali estão cada vez maiores. Há um processo de aquecimento global e a caatinga é o lugar do Brasil mais suscetível a essas mudanças climáticas”.
Golpe no setor elétrico. O Congresso vota a medida provisória que renova as concessões do setor elétrico e, ao mesmo tempo, reduz a tarifa da conta de luz a partir de 2013. O texto deverá ser sancionado pela presidente Dilma Rousseff.
Editorial da OE. Ao fechar o ano de 2012, editorial da revista O Empreiteiro analisava relatório da Federação Internacional de Futebol (Fifa) segundo o qual “o modelo brasileiro para a Copa do Mundo dará prioridade ao financiamento privado na construção e reforma dos estádios, enquanto os recursos públicos serão destinados a obras de infraestrutura, incluindo aeroportos, rodovias, hospitais etc”. Destacava, no entanto, que ao contrário das obras de construção das modernas catedrais do futebol, as obras de mobilidade urbana avançavam morosamente correndo o risco, até, de jamais serem concluídas.
Janeiro, 2013
Arco do Futuro. Fernando Haddad toma posse na prefeitura paulistana. Ao contrário do antecessor, Gilberto Kassab, que fez uma administração medíocre, sem nenhuma imaginação, ele promete modernizar a cidade e até acena com um vago Arco do Futuro que até hoje não está de todo explicado. Seria um processo de revitalização no entorno dos rios Tietê e Pinheiros, sugerindo um plano para “repensar o desenvolvimento”, criando empregos nas proximidades dos locais onde as pessoas moram. Seria resposta a um modelo urbano que se esgotou.
Vento inútil. Muito bem, houve promessas oficiais e a iniciativa privada arregaçou as mangas e construiu 26 parques eólicos no Nordeste, basicamente no Rio Grande do Norte e na Bahia. E daí? Eles não entram em operação porque o governo federal não instalou as linhas de transmissão para levar a energia produzida até o consumidor. Vento inútil.
Segunda posse. Barack Obama assume segundo mandato com discurso que não diz nada. Vejamos o seguinte período: “As possibilidades da América são infinitas, pois nós possuímos todas as qualidades que este mundo sem fronteiras requer: juventude e garra; diversidade e abertura; capacidade ilimitada de encarar riscos e um dom de reinvenção”.
Tragédia em Santa Maria (RS). Incêndio na boate Kiss, nesta cidade, que é um grande polo universitário do Sul do País, provocou a morte de 231 pessoas – número que mais tarde foi aumentando e chegou a 241. Tanto o aval do Corpo de Bombeiros quanto o alvará de funcionamento do estabelecimento estavam vencidos. A tragédia, a maior do gênero no Brasil nos últimos 50 anos, chamou a atenção para os graves problemas da insegurança urbana (ver mesa-redonda da engenharia nessa edição da revista).
Fevereiro
Renan, o presidente. O alagoano Renan Calheiros, que há cinco anos teve de abandonar a presidência do Senado Federal por conta de suspeitas de corrupção, volta ao cargo decidido a dar prioridade a uma agenda ética.
Bento 16 renuncia e provoca espanto. O Papa Bento 16, que sucedera a João Paulo 2º, provocou surpresa no mundo ao anunciar sua renúncia. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) garante, no entanto, que a Jornada Mundial da Juventude, em julho próximo, no Rio de Janeiro, será mantida.
Custo dos parlamentares brasileiros. Um estudo da Organização das Nações Unidas (ONU) confirma que os deputados e senadores brasileiros estão entre os mais caros do mundo. O estudo analisa os custos de congressistas em 110 países. E mostra que cada um dos 594 parlamentares do Brasil, incluindo 513 deputados e 81 senadores, estouram os cofres públicos. Custam US$ 7,4 milhões por ano
Custo dos parlamentares no Brasil é elevado
Ferrovia que nunca termina. Somente poucas pessoas, assim mesmo do governo, acreditam que um dia ela será concluída. Trata-se da Ferrovia Norte-Sul, que está em construção há 25 anos. Apesar de tanto tempo em obras, tem, prontos, apenas 720 km dos seus mais de 2.500 km previstos. O trecho entre Açailândia (MA) e Belém (PA), será o primeiro a ser licitado no plano de concessões do governo federal. Palavra de Bernardo Figueiredo, presidente da Empresa de Planejamento e Logística (EPL).
Vale ladeira abaixo. O lucro da Vale teve uma queda de 74,3% no ano passado. Foi da ordem de R$ 9,7 bilhões, abaixo dos R$ 37,8 bilhões do ano anterior (2011).
Março
“Vá chafurdar no lixo”. Provocou perplexidade o destempero do ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF, que a uma pergunta do repórter Felipe Recondo, do jornal O Estado de S. Paulo, mandou-o, sem mais nem menos, “chafurdar no lixo, como você faz sempre”. O repórter, a exemplo de outros jornalistas, tentava ouvir o ministro sobre pensamento de entidades de juízes que o tinham criticado por ele ter dito que a magistratura do País possui uma mentalidade pró-impunidade. Depois disso, houve uma nota do ministro com um pedido de desculpas.
Arena Pantanal. A empresa Santa Bárbara Engenharia, de Minas Gerais, decidiu abandonar o consórcio que constrói a Arena Pantanal, em Cuiabá. O governo do Mato Grosso disse, no entanto, que as obras continuarão e que não haverá atrasos no estádio para a Copa do ano que vem.
Construtora abandonou obra da Arena Pantanal
Papa Francisco. O cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, de 76 anos, é escolhido para ser o 266º papa. Ele se chamará Francisco, em homenagem a Francisco de Assis.
Jorge Gerdau. O empresário Jorge Gerdau diz que é burrice a criação de ministérios para tocar o governo. Ele acha que o Brasil iria melhor, se trabalhasse apenas com meia dúzia de ministérios.
Um tiro no pé da Eletrobras. A política que alterou as regras do setor elétrico levou a Eletrobras a tomar um prejuízo de R$ 6,8 bilhões. Foi o maior prejuízo já registrado pela empresa, desde a sua fundação, em 1950. Ele resultou dos efeitos da MP que obrigou as companhias elétricas a reduzir suas tarifas para antecipar a renovação das concessões. Em resumo, a MP foi um tiro no pé.
Abril
Tudo pela reeleição. Por conta das possibilidades da reeleição, a presidente Dilma Rousseff nomeou o ex-senador César Borges, ministro dos Transportes, onde ele pode dispor de um orçamento da ordem de R$ 10 bilhões. Outra das nomeações, com o mesmo objetivo, é a do vice-governador paulista, Afif Domingos, que não hesitou um minuto em assumir o Ministério da Pequena e Microempresa. Contudo, a criação de ministérios para abrigar tendências políticas díspares está pegando mal e poderá contribuir para reduzir o índice de popularidade da presidente.
O ministro César Borges
Em defesa de Lula. < /strong>Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht S. A. saiu em defesa do ex-presidente Lula da Silva, que nos últimos meses tem viajado pela América Latina, Caribe e África, influenciando a exportação de serviços de engenharia naquelas regiões. Em artigo publicado na Folha de S. Paulo, no dia 7 último, sob o título Viaje mais, presidente, ele diz: “O ex-presidente Lula tem feito o que presidentes e ex-presidentes dos grandes países do hemisfério Norte fazem, com naturalidade, quando apoiam suas empresas nacionais na busca de maior participação no comércio internacional”. Ele diz que, no Brasil, o questionamento existe, “talvez por desinformação”’.
Maio
Brasileiro na OMC. O nome dele é Roberto Azevêdo. Tem 55 anos, é embaixador e acaba de ser eleito para a direção geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). A votação foi secreta e teve a participação de 159 países. Ele derrotou o mexicano Herminio Blanco, candidato preferencial dos Estados Unidos e da União Europeia. Por isso, sua atuação, à frente do órgão, não será fácil. Terá de se impor e mostrar engenhosidade para costurar diálogo comercial entre países de dois hemisférios.
MP dos Portos. Foi uma maratona. Muitos interesses contrariados colocados na mesa. Mas, ao final, o Congresso aprovou a MP dos Portos. Há ainda pontos de atritos que serão gradativamente – e na prática – acertados. Mas há um pormenor: no processo de negociação para que se chegasse a esse resultado, o governo acertou a liberação de R$ 1 bilhão para emendas parlamentares. E, destes, alguns disseram que é assim que a coisa funciona.
Nova Lei dos Portos é aprovada
Contas abertas. Os dados são da ONG Contas Abertas e não estão sendo contestados: ao longo deste ano (2013) a Câmara dos Deputados e o Senado devem gastar nada menos que R$ 8,5 bilhões, o equivalente a R$ 23 milhões por dia. Os gastos correspondem a pagamentos de salários de funcionários efetivos e comissionados, aposentadorias, pensões, indenizações compra de materiais de consumo, serviços terceirizados e por aí em diante.
Bondade brasileira. Apesar de todas as carências brasileiras, a presidente Dilma Rousseff chega em em Adis Abeba e decide que o Brasil perdoará dívidas da ordem de US$ 12 milhões de 12 países africanos. Enquanto isso, por aqui a carga tributária asfixia a população.
Junho
Explodem os protestos nas ruas. Bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral, além de balas de borracha. Toda a carga contra o povo que, no entanto, se manifestou em paz. Tudo porque não aceita mais pagar caro por um transporte público deficiente e anacrônico.
O X do problema. A OSX, estaleiro do Eike Batista, é acusada de não pagar R$ 500 milhões à construtora espanhola Acciona, que estava construindo um píer no porto do Açu, em São João da Barra, RJ. Teme-se agora que esse X do problema desencadeie um efeito dominó nas demais empresas do grupo, que vem se ressentindo de uma crise de confiança de seus investidores. Há algum tempo, o empresário era visto, até nos círculos palacianos, como herói nacional. Dilma Rousseff disse, dele: “é uma pessoa que delimita o seu sonho de uma forma extremamente ambiciosa e busca cumpri-lo e realizá-lo”. Hoje, o império X se esfarinha.
O empresário Eike Batista
A voz do povo. O poeta Ferreira Gullar, em uma de suas crônicas na imprensa, interpreta o fenômeno dos protestos nas ruas, dizendo que uma casta assumiu a máquina do Estado em seu próprio benefício e que essa máquina, mantida com o dinheiro de impostos escorchantes, tem sido usada para empregar parentes e companheiros de partido. É uma estratégia para a manutenção do Poder.
Patrimonialismo. Raymundo Faoro (Os donos do poder) explica por que o Brasil é o que sempre tem sido: “Dessa realidade estatal se projeta, em florescimento natural, a forma de poder institucionalizado num tipo de domínio cuja legitimidade assenta no seguinte: assim é porque sempre foi”.
Fonte: Revista O Empreiteiro