Assim afirmou o coordenador-geral de modernização e informática do Dnit, Matheus Belin, na palestra que abriu o workshop. Em 2011, o Dnit, que é vinculado ao Ministério dos Transportes, foi alvo de denúncias de corrupção que culminaram com a demissão de seu então diretor-geral, Luiz Antônio Pagot, e sua substituição pelo general Jorge Fraxe. As acusações de gestão fraudulenta também resultaram na paralisação dos projetos em andamento e da suspensão do lançamento de editais por praticamente um semestre.
“São novos métodos, novas tecnologias que estamos incorporando num processo de inovação e renovação do Dnit. Queremos passar credibilidade, de que o trabalho é sério, comprometido”, resumiu Matheus Belin.
Ele situou o início da mudança em dezembro de 2011, dois meses após a troca de comando da autarquia. As inovações, num primeiro momento, abrangem três itens: a aquisição e disponibilidade da metodologia BIM na contratação e gestão de projetos; implementação de recursos técnicos para dar mobilidade e flexibilidade às ações; e integração dos sistemas, para o compartilhamento da mesma fonte de dados por todos os envolvidos, inclusive as projetistas e construtoras que vão executar as obras rodoviárias através de licitação.
Hoje, o corpo técnico do Dnit vem recebendo treinamento na nova modelagem e os projetos com centenas de páginas impressas parecem estar com os dias contados. Nas projeções de Belin, a data para isso ocorrer é o fim do primeiro semestre de 2014. É o tempo necessário para que todas as 23 superintendências regionais do Dnit estejam aptas a trabalhar com as modernas ferramentas de elaboração e acompanhamento de projetos. Hoje, isso só ocorre na sede. Belin citou também o reforço extra de mais 210 engenheiros, contratados via concurso, que estão se incorporando à equipe atual da autarquia e já recebendo treinamento no novo protocolo.
Segundo o coordenador-geral de modernização e informática, outra iniciativa importante, em fase de implementação, é o escritório de gerenciamento de projetos, para acompanhar as obras mais proximamente. Belin diz que o trabalho de renovação da gestão e tecnologia do Dnit já trouxe alguns resultados: um sistema de acompanhamento de obras que integra mais de 5 mil empreendimentos e o Boletim Eletrônico de Medição (BEM), com relatórios mensais, disponíveis no portal do Dnit, sobre o andamento das 107 principais obras da autarquia.
“Queremos ser vanguarda de engenharia rodoviária no Brasil. Estamos deixando um trabalho para ficar. Sem volta”, garantiu.
Afinal, não dá para esperar menos de uma autarquia-chave para o desenvolvimento do Brasil, que, só no período entre maio deste ano e março do ano que vem, vai lançar 70 editais para a construção ou ampliação de corredores rodoviários existentes, com investimento total de cerca de R$ 20 bilhões.
Reduzindo riscos
Parceiro escolhido para renovar e modernizar o processo de planejamento, contratação e gestão de obras do Dnit, a Autodesk do Brasil apresentou, no seminário, benefícios da implementação da metodologia BIM durante o ciclo de vida de empreendimentos.
O engenheiro civil Daniel Queiroz, especialista técnico da Autodesk do Brasil no segmento de infraestrutura, identificou ganho no fluxo de trabalho e de informação com a nova modelagem. A substituição de papéis e PDFs por modelos 3D com informações qualitativas tem possibilitado o compartilhamento do projeto de forma ampliada e unificada e, por isso, com mais eficiência. Queiroz baseou parte de sua análise no fato de um grande projeto necessariamente envolver um grande número de empresas colaborando entre si.
Daniel Queiroz
“Hoje dificilmente uma projetista tem especialistas em todas as disciplinas. Então, a empresa que ganha o projeto acaba subcontratando algumas partes. E, quando se soma tudo isso, se tem um projeto muitas vezes com incompatibilidades, se tem um pequeno Frankenstein”, apontou.
A utilização de ferramentas BIM tem também a vantagem de reduzir o número dessas incongruências e acelerar a fase de revisão e análise dos projetos, que é primordial para o sucesso de todo o empreendimento. Falhas, nessa fase, comprometem sobretudo custos e prazos, com aditivos imprevisíveis. “Toda incompatibilidade significa perda para a própria contratada”, recordou.
Queiroz sublinhou também a questão da quantificação em uma obra, dos volumes dela de escavação e de concreto, da quantidade de insumos, por exemplo, para defender o uso do BIM como ferramenta de produtividade. “Nessa modelagem o quantitativo é muito mais preciso.”
O engenheiro da Autodesk posicionou sua ferramenta numa dimensão além da visualização de dados em 3D. Para ele, o modelo é 5D, pois soma ao já tradicional 3D, ferramenta surgida na década de 1980, o cronograma e a planilha de custos.
Ele ainda alertou para o fato de que o benefício da fer
ramenta só poder ser obtido com gente muito bem treinada para trabalhar com ela e que esse treinamento pode levar de três a seis meses, dependendo da equipe. “Não adianta simplesmente fazer aquisição de tecnologia”, resumiu.
Fonte: Revista O Empreiteiro