É urgente a priorização de investimentos

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*Luciano Amadio

Em um plano, a queda dos índices de pluviosidade na região metropolitana de São Paulo — sobretudo ao norte da capital -, sem similar há mais de 80 anos. Que esvaziou praticamente todo o volume regular dos reservatórios do sistema Cantareira, impondo o uso do chamado volume morto. Já também em processo de esgotamento, mesmo com as medidas de estímulo fiscal à economia do consumo de água (corretas e que devem passar a ser desenvolvidas continuamente, mas insuficientes).
 

Em outro plano, enorme atraso de obras de expansão e para interligações desse sistema, previstas quase 20 anos atrás, em 1996, no Plano Diretor da Sabesp, então definido.

 

Atraso resultante da combinação de dois fatores negativos: primeiro — as limitações de recursos públicos e os obstáculos para a viabilização de parcerias com a iniciativa privada; segundo — a subestimação por sucessivos governos estaduais de São Paulo da relevância do enfrentamento decidido de tais limitações e obstáculos, com decisões capazes de garantir a referida expansão. Só este ano está sendo começado, por meio de PPP, um projeto importante para o reforço do abastecimento da Grande São Paulo: o sistema produtor de água São Lourenço.

 

Outro fator de atraso de ações importantes foi a demora na conclusão de estudo, contratado pelo DAEE para aumento de 30 m3/s na adução de água para a macrometrópole paulista. Ele só foi finalizado em 2014, com retardo de dois anos. A implantação de alternativas das obras apontadas não pode responder à crise atual pois terá atraso correspondente. E também têm sido frustrantes os passos dados nos serviços para a redução do nível de desperdício de água das redes da Sabesp. Bem como dos voltados à ampliação do tratamento de esgotos.

 

Por tudo isso, temos um cenário preocupante, marcado pela dependência de mudança do sistema pluviométrico no último trimestre deste ano, ou seja, na linguagem do povão “das torneiras que São Pedro resolva abrir”.

 

Cenário que torna imperativa e urgente a priorização concreta dos investimentos e de obras para um salto dos programas de abastecimento de água e tratamento de esgotos.

 

Priorização que a Apeop defende há vários anos. Por meio de propostas objetivas dirigidas aos diversos candidatos à chefia do Executivo estadual. Atualizadas pela interlocução direta que mantive com o governador Geraldo Alckmin. E detalhadas no diálogo constante da direção da entidade com os administradores da Sabesp.

 

Diálogo que articula as cobranças de um avanço significativo dos programas de saneamento (estatais e de parcerias público-privadas) com a correção e o aprimoramento de critérios contratuais de licitações de obras e serviços. A cobrança relativa a esses critérios foi feita tendo em vista duas variáveis essenciais à qualidade técnica e ao cumprimento dos cronogramas: transparência e preços realistas nas licitações. 

 

*Luciano Amadio é presidente da Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas (Apeop)

Fonte: Revista O Empreiteiro


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