Com o perfil reconhecido pelo mercado da construção de empresa especializada em obras de arte especiais, a Construtora Tardelli contabiliza mais de mil trabalhos realizados, entre os quais se destacam pontes e viadutos, que já superam 35 mil metros lineares. No passado, teve entre seus clientes mais expressivos o Departamento de Estradas de Rodagem do Estado de São Paulo (DER-SP) e a Superintendência do Desenvolvimento do Litoral Paulista (Sudelpa-SP). Atualmente, a empresa se dedica, em grande parte, ao atendimento da demanda de obras das concessionárias das rodovias.
Desafios técnicos
Desde a sua fundação foram muitos os desafios técnicos enfrentados na execução de pontes e viadutos. Até 1966, o metal empregado nas estruturas de concreto correspondia ao Aço C-24 (hoje CA-25), com diâmetro máximo de 1” ½ (3,81 cm). Após aquela data, surgiu o Aço CA-50 e, sempre que fosse permitida uma revisão do cálculo estrutural, considerando esse novo material, a Tardelli usufruía dessa vantagem com a redução de peso do aço.
Em geral, até 1970, as superestruturas eram executadas in loco, dependendo de cimbramentos, sujeitos aos riscos de acidentes de tráfego, enchentes ou movimento das marés. Com o alto custo do cimbramento metálico, na época, se comparado ao da madeira, a Tardelli aproveitou-se de incentivos fiscais e passou a desenvolver o reflorestamento de eucalipto, conquistando uma vantagem competitiva no mercado. Os viadutos sobre a Rodovia Castello Branco, no km 78, no trevo de acesso à Rodovia SP 075 (Castelinho), em Sorocaba (SP), são exemplos de obra executada pela Tardelli.
Nos projetos de obras, cujas superestruturas apresentavam mais de um vão isostático, em longarinas protendidas construídas sobre cimbramento, as longarinas do segundo vão eram executadas com deslocamento transversal das do primeiro vão. Após a protensão, voltavam a ser posicionadas corretamente com o emprego de macacos hidráulicos e roletes.
Com o crescimento da empresa e de seu acervo técnico, foi possível exectuar obras de porte e complexidade maiores, nas quais foram adotadas soluções e equipamentos mais sofisticados. Buscava-se o que havia de melhor no mercado, visando maior rapidez e segurança na execução dos serviços. Foi assim que, em 1974, na construção da ponte sobre o Rio Ribeira de Iguape, no município de Iguape, as longarinas pré-moldadas foram lançadas por treliças metálicas (Sicet) e, da mesma forma, na ponte de ligação Iguape–Ilha Comprida, sobre o Mar Pequeno, iniciada em 1984.
Hoje, com a volta dos investimentos em infraestrutura e a crescente demanda de obras de arte especiais, o mercado exige cada vez mais complexidade e de rapidez na execução. Escoramentos metálicos, fôrmas industrializadas, tudo com peças leves e de montagem/desmontagem rápidas, guindastes, elevadores, fôrmas deslizantes e projetos que priorizam a industrialização da construção são as grandes tônicas para atender a esses desafios. Um exemplo disso e, um marco na trajetória da Tardelli, foi a construção dos viadutos na pista oeste da Castello Branco, no km 205, na Serra de Botucatu, que estava paralisada desde 1974. “Vencemos o desafio de, em 16 meses, construir os viadutos I e II, com 600 m e 260 m, respectivamente”, destaca José Carlos Tardelli, responsável pela orientação técnica das obras.
Segundo ele, pilares com até 40 m, produção, armazenamento e lançamento de 156 vigas longarinas com aproximadamente 31,5 m e de 7.535 placas pré-moldadas de pré-laje exigiram um complexo planejamento e um refinado estudo de logística para minimizar a agressão ao meio ambiente, já que se tratava de uma área de preservação permanente.
A produção das longarinas protendidas com pré-tensão significou um salto tecnológico para a Tardelli, que passou a dominar essa tecnologia, requereu a construção de uma verdadeira fábrica de pré-moldados, no canteiro de obras, com duas pistas de moldagem das longarinas, capacidade de pré-tensão de até 550 tf, além da infraestrutura para deslocamento e armazenamento dessas vigas e das demais peças de concreto.
“Entendemos que uma empresa tem de se organizar tendo em conta cada projeto a ser executado, unindo-se a parceiros que, com suas especialidades específicas, favorecem a obtenção de sucesso na execução de cada obra”, completa o engenheiro José Carlos Tardelli.
O pioneiro
A Tardelli foi fundada em 2 de janeiro de 1963, na cidade de Itapetininga (SP), como firma individual, com a denominação de J. C. Tardelli. Em 28 de junho de 1968, ela foi transformada em Construtora Tardelli SA, doando algumas ações ao seu staff. Em 14 de novembro de 2000, foi transformada em Construtora Tardelli Ltda.
Fundador da empresa, o engenheiro José Carlos Tardelli formou-se pelo Mackenzie, em 1956,
fazendo parte da primeira turma do curso de Concreto Protendido, ministrado pelo professor Augusto Carlos Vasconcellos. Ele também foi aluno dos professores Roberto Rossi Zuccollo e Arthur Luiz Pitta, com quem estagiou na área de cálculo estrutural.
Por tudo isso, sempre foi um aficionado por obras de arte especiais. Em 1957, iniciou sua carreira no Departamento de Estradas de Rodagens de São Paulo (DER-SP), como engenheiro fiscal de obras de arte especiais. Em 1960, foi trabalhar na construção da Rodovia Belém–Brasília e, em 1963, resolveu montar a sua própria construtora.