A UE anunciou que aplicará sobretaxas contra o biodiesel americano por estar entrando no mercado europeu com dumping. O maior contencioso em torno do comércio de biocombustíveis não ocorre por acaso. Americanos e europeus disputam, em pela crise mundial, um mercado avaliado em US$ 10 bilhões.
Raffaello Garofalo, o secretário-geral da principal entidade de produtores de biodiesel da Europa, a European Biodiesel Board, alerta que os produtores acompanharão com atenção qualquer tentativa de triangulação de comércio americano. O temor dos europeus é de que as usinas americanas enviem seu biodiesel ao Brasil e reexportem ao mercado europeu, fugindo das sobretaxas. "Não vamos tolerar isso. Temos meios de monitorar esse comércio e, se essa triangulação ocorrer, vamos abrir mais um processo", afirmou Garofalo.
Segundo ele, até setembro do ano passado as usinas americanas importavam biodiesel da Argentina e do Brasil. O produto era então misturado com o biodiesel americano e reexportado para a Europa. Pela lei americana, porém, os produtores poderiam coletar subsídios à exportação, mesmo que parte do carregamento fosse apenas de produtos sul-americanos.
A disputa vem em uma plena crise, em ambos os lados do Atlântico. vinte porcento das usinas de biocombustíveis dos Estados Unidos podem pedir concordata em 2009. Na Europa, um terço dos planos de investimentos na Espanha, Itália ou Alemanha está paralisado. Para especialistas, a crise pode explicitar algo que muitos já sabiam: a indústria do biocombustível nos países ricos não é competitiva e nem sustentável sem a existência de subsídios bilionários.
Nos Estados Unidos, a empresa Renew Energy, no Estado de Wisconsin, pediu concordata há um mês. Ela afirmava ser a maior trituradora de milho do mundo. No início deste mês, a Cascade Grain, de Oregon, também declarou falência. Em apenas um ano, 9% de todas as plantas de etanol dos Estados Unidos fecharam suas portas.
Fonte: Estadão