Governadores de mais de 40 estados americanos com problemas financeiros se reuniram nesta terça-feira com o presidente eleito, Barack Obama, com o objetivo de pressionar por um pedaço de seu alardeado plano bilionário de reativação econômica.
Obama, que deixa Chicago pela segunda vez desde sua vitória nas eleições de novembro, conversou com governantes de estados apavorados com a destrutiva previsão de um déficit orçamentário em suas economias da ordem de 200 bilhões de dólares, antevendo uma catástrofe fiscal se nada for feito.
“Para solucionar esta crise e aliviar a carga de nossos estados, vamos precisar de ações concretas, e vamos precisar imediatamente”, disse o presidente eleito aos governadores no Independence Hall, na Filadélfia, berço da nação americana.
“Isso significa aprovar um plano de recuperação econômica, tanto para Wall Street como para a economia real”, acrescentou, prometendo reacender a economia, criar 2,5 milhões de empregos e conceder cortes de impostos para a classe média.
“A mudança não virá apenas de Washington, virá de todos vocês”, afirmou Obama, oferecendo aos governadores reunidos uma “parceria”.
O apelo por bilhões de dólares dos contribuintes acontece em meio a alarmantes previsões de que os governos estaduais, assustados pela forte contração do crédito em conseqüência da crise financeira, precisarão cortar fundo no orçamento dos serviços sociais.
Na segunda-feira, o governador da Califórnia Arnold Schwarzenegger fez um alerta de que o estado que administra – que seria a sexta maior economia do mundo se separado dos Estados Unidos – seguiria “na direção a um desastre fiscal” na ausência de ações imediatas.
Os governadores afirmam serem vítimas da recessão – oficialmente confirmada na segunda-feira, quando eles ainda se recuperavam de um duro golpe: a queda na arrecadação.
Eles lançaram um alerta, indicando que seria necessário optar por um desses caminhos: cortar gastos com os serviços sociais – como a saúde e a educação públicas – ou aumentar impostos. A governadora do Alasca e ex-candidata à vice-presidência da chapa republicana, Sarah Palin, participou da reunião. Durante a campanha, ela acusou Barack Obama de ser condescendente com os terroristas.
“Ofereço a você a mesma mão amiga e o mesmo comprometimento na parceria que ofereço a meus colegas democratas”, disse Obama a Palin.
O governador da Pensilvânia, Ed Rendell, presidente da Associação Nacional de Governadores (NGA, na sigla em inglês), afirmou que o governo poderia canalizar bilhões de dólares do plano de incentivo econômico para iniciar projetos de infraestrutura para estimular a economia.
Argumentando que alguns estados estabeleceram políticas fiscais mais prudentes que as companhias falidas de Wall Street – acusadas de ter iniciado a crise – Rendell rejeitou afirmações da imprensa de que os governadores estariam “pedindo esmolas”.
“Este definitivamente não é o motivo pelo qual estamos aqui”, declarou.
Obama e a bancada democrata no Congresso defendem a aprovação, o mais rápido possível, de um grande plano de estímulo econômico, que teria entre seus objetivos criar 2,5 milhões de empregos. Alguns analistas acreditam que o valor do pacote pode chegar a 700 bilhões de dólares.
Na segunda-feira, Rendell disse em Washington que os governadores têm em suas gavetas projetos de infraestrutura – como a construção de estradas e a reforma de pontes – no valor de 136 bilhões de dólares, que daria emprego às pessoas de forma imediata, além de impulsionar o PIB americano.
O governador de Vermont, Jim Douglas, indicou por sua vez que os estados já haviam realizado cortes nos serviços sociais, mas precisavam dar um jeito de preservar o sistema de previdência social para ajudar cidadãos que tiveram suas finanças gravemente afetadas pela recessão.
“A desaceleração da economia está gerando cada vez mais desemprego, aumentando a procura por serviços públicos e reduzindo significativamente a arrecadação dos estados”, resumiu.
“Os estados não estão vindo a Washington com a mão estendida”, acrescentou Douglas. “Estamos agindo a nível estadual para diminuir nossos gastos e viver dentro de nossos recursos”.
Segundo dados da NGA, 20 estados americanos já realizaram cortes orçamentários no ano fiscal de 2009 no valor de 7,6 bilhões de dólares.