Augusto Diniz – Itumbiara (GO)
Desde que a Âncora Engenharia iniciou o projeto para construção da fábrica de latas de alumínio da Canpack no Brasil, multinacional com sede na Polônia, diversas soluções foram adotadas para adequar à produção padrão global da empresa às condições locais.
A construtora participou desde a pré-engenharia e estudo de viabilidade até a entrega da planta construída em Itumbiara (GO).
Inaugurada oficialmente em março desse ano, o trabalho da Âncora começou com um serviço de due diligence no início de 2016 para a companhia internacional.
“A Canpack queria instalar sua primeira unidade das Américas na região. Então oferecemos uma série de opções”, conta Henrique Bueno, diretor de Operações da construtora. Segundo o engenheiro civil, a escolha de Itumbiara, embora a mais adequada estrategicamente, impunha alguns desafios de implantação de engenharia.
A nova planta tem 42,5 mil m² de área construída e 110 mil m² de área total.
Ela foi estabelecida às margens da BR-153/GO, rodovia que dá acesso direto a Brasília, Minas Gerais, São Paulo e região Sul do País. O investimento total foi de R$ 300 milhões.
OBRAS
Em julho de 2016, começaram as obras da unidade industrial.
Uma das primeiras medidas tomadas, lembra Henrique, foi fazer um estudo de carga na área ainda em terraplenagem para qualificar o solo e definir a fundação.
O motivo dessa ação foi que numa parte fabril da planta a capacidade de carga do piso de concreto estabelecida é de 25 t/m², com 25 cm de espessura – o restante da unidade, incluindo a área de armazenagem de produto, o índice padrão do piso é de 6 t/m². É que grandes equipamentos associados às pesadas bobinas de alumínio exigiam cuidado extra no seu posicionamento dentro da unidade.
O engenheiro lembra que “esse trabalho foi fundamental para dimensionar o piso”. Ele cita da necessidade de ter feito reforço no subleito e na base do terreno para se concretar o piso de alta carga. O piso, quando foi concretado, tinha adicionado fibra de aço para ganho de resistência, além da realização do nivelamento a laser posterior.
Juntas metálicas, mais resistentes, também foram executas no piso. Henrique menciona que foi preciso fazer também junto com o piso a base dos equipamentos da linha de fabricação de latas – composta, basicamente, por quatro grandes máquinas (corte, fabricação
do corpo, lavagem e pintura).
A máquina de corte opera com as bobinas. Na sua base, foi necessário colocar uma manta especial – chamada Unisorb – sobre ela (seguida de uma camada final de concreto) para absorver a alta vibração da máquina no seu movimento.
Para montagem dos equipamentos muita conversa com a Âncora aconteceu para adaptá-los, ou “tropicalizá-los”, como cita Henrique. A Canpack não trabalha com terceiros nas instalações eletromecânicas. A multinacional utiliza mão de obra própria para isso, apostando na prática como forma de ganho de produtividade na operação da linha – e diferencial de atuação no mercado.
O diretor da Âncora comenta que, entendendo esse ponto estratégico da empresa, fez a entrega da área para início das montagens eletromecânicas quatro meses antes do previsto em cronograma.
COBERTURA
A estrutura da área fabril da unidade é pré-fabricada, com painéis de fechamento de concreto maciço. Nesse trecho da planta, o sistema de cobertura é o TPO (termoplástico de poliolefina), composto por um isolamento térmico em PIR aplicado sobre telhas metálicas e recobertos por uma membrana impermeabilizante.
De acordo com Henrique Bueno, a membrana importada tem mais longa durabilidade, baixa inclinação e estanqueidade total. No sistema
adotou-se dômus para iluminação natural de alta performance. A sua flexibilidade para receber componentes na cobertura, como tubulações de diversos diâmetros, também foi decisiva para a escolha da solução.
ÁGUA E ELETRICIDADE
No âmbito das obras complementares, a Âncora Engenharia teve que propor algumas soluções ousadas. É que o local onde foi construída a fábrica era uma imensa área de plantação, sem infraestrutura implementada. Assim, foi preciso desenvolver desde acesso até a construção de redes de água e eletricidade – dois insumos importantes numa unidade industrial desse tipo.
O consumo de energia previsto da planta goiana de Canpack gira em torno de 10 MW. Assim, foi preciso construir uma rede aérea elétrica por 4,5 km a partir de uma subestação local para atender a demanda necessária de energia da fábrica.
Parte da nova rede instalada substituiu uma existente (por conta da capacidade insuficiente para transmissão de energia à planta da Canpack) – e ela não pôde ser desligada durante a troca devido acordo com a empresa de energia. O restante da rede seguiu
à planta.
Uma adutora de 4,5 km de para abastecimento de água com 30 m³/h para atender a necessidade da fábrica também foi construída.
A água vem de um barramento de um ribeirão próximo. Uma estação de tratamento dentro da planta recebe a água.
O diretor de Operações da construtora destaca que essas medidas foram importantes e a empresa entendeu o cenário local e
a implantou.
CANPACK
Selísio de Oliveira, engenheiro de produção e gerente da plantada Canpack, avalia que a fábrica tem conceito moderno – ele está 17 anos trabalhando na área. O engenheiro de produção chegou a unidade em Itumbiara em dezembro 2016, onde acompanhou as obras.
O gerente foi transferido de uma planta de fabricação de latas adquirida no Ceará pela Canpack em novembro de 2016 – hoje essa unidade cearense está modernizada. Atualmente, a multinacional comissiona a segunda linha de produção da fábrica goiana