Foco no desenvolvimento dos fornecedores locais

Uma nova unidade industrial exclusivamente para fabricar produtos derivados de carnes de peru e chester, conhecidas como “aves pesadas”. Esta iniciativa da Perdigão, uma das principais empresas do setor alimentício do País, está se tornando realidade na cidade goiânia de Mineiros, distante 180 km do seu complexo agroindustrial localizado em Rio Verde, também em Goiás. A nova fábrica processará 81 mil t/ano de carnes de aves a partir de sua inauguração, na primeira semana de março de 2007, e envolve a aplicação de R$ 510 milhões no total, incluindo ainda uma fábrica de ração e incubatório, licitados separadamente. A Racional, contratada pelo regime de empreitada parcial, desenvolve os trabalhos desde agosto de 2005. Eles são compostos pela construção de um abatedouro, com 32 mil m², prédios de apoio (reservatórios, estações de tratamento de efluentes, esgotos e água, etc.), fábrica de subprodutos (FSP), com 2.500 m², edifício de escritórios, vestiários, área de lazer, refeitório, ambulatório, sala de ginástica e banco, com três pavimentos e 12 mil m² de área, além de caldeiraria, vestiários, balanças, portarias, área de descanso de aves, subestações e manutenção com 2.500 m², passarelas e paradas de ônibus com 2.200 m², captação de água e adutora. No total, são 70 mil m² de área construída em um terreno de 135 ha, caracterizado por apresentar diversos níveis. “Os projetos tiraram partido dessa característica, aproveitando a declividade do terreno para implantar diversos prédios, otimizando o projeto e a operação da Perdigão, explica Jairo César de Melo, diretor da construtora. A Racional responde não só pela construção, mas também pela integração dos projetos de arquitetura e engenharia, desenvolvidos simultaneamente à obra.

Convencimento

Um obstáculo tem sido a organização logística, uma vez que as grandes cidades mais próximas são Goiânia e Cuiabá, a quase 500 km de distância. Goiânia foi considerada com melhores condições e, por isso, foi escolhida para fornecer parte dos equipamentos e materiais, juntamente com Brasília e São Paulo. Como tudo vem de longe e muitas estradas são notoriamente ruins, há todo um empenho logístico para que tudo chegue a tempo. Devido à logística, uma das iniciativas da Racional foi a montagem de uma central de concreto na obra. Mas, para isso, foi preciso usar um grande poder de convencimento. “Foi necessário, primeiro, convencer o fornecedor local de brita a fazer uma pesquisa regional, para verificar que após a obra teria outros clientes e, depois, convencê-lo a montar uma central especialmente para nos atender”, diz o diretor da Racional. Como a estrutura da unidade industrial foi erguida com estrutura parte concretada in loco e parte em pré-moldados, para conciliar preço e velocidade, também foi preciso incentivar o desenvolvimento de fornecedores locais de blocos de concreto e peças pré-moldadas. Apesar disso, não foi possível a esses fornecedores darem conta de toda produção de blocos – 260 mil, de tamanhos diversos -, sendo necessário levar um fornecedor de Goiás, que montou uma fábrica no canteiro. “Ao mesmo tempo, em parceria com um fornecedor local que possui infra-estrutura para fabricação de peças e artefatos em concreto, desenvolvemos a fabricação de vigas, pilares e lajes pré-moldados, bem como novos artefatos, que vieram a atender boa parte da obra”, afirma Jairo de Melo. Os sistemas construtivos mistos – concretagem in loco e pré-moldados escolhidos pela Racional foram complementados por coberturas metálicas nas edificações. O abatedouro terá fechamento efetuado em telhas metálicas e painéis térmicos, indicados para o tipo de atividade industrial desenvolvido pela Perdigão. Assim como foi preciso buscar fornecedores em outras regiões, também foi preciso recorrer à mão-de-obra de outras localidades, contratando profissionais e empresas do Triângulo Mineiro, Goiânia, Distrito Federal, São Paulo e Santa Catarina. Uma equipe técnica da Racional esteve no exterior para aprimorar a tecnologia dos produtos que foram aplicados nos pisos industriais do abatedouro. (R.C.S.R.)

Fonte: Estadão

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