Investimentos nos dois projetos alcançam mais de R$ 1 bilhão
Augusto Diniz – São Gonçalo (RJ)
A Avenida do Contorno é o início da BR-101 de quem vem da capital fluminense. Criada nos anos 60 para atender os estaleiros da região e ser opção viária entre Niterói e a populosa São Gonçalo, viu transformar-se em um gargalo rodoviário com a inauguração da ponte Rio-Niterói em 1974 e, posteriormente, com a construção da Niterói-Manilha, passagem para a Região dos Lagos, Norte Fluminense e Espírito Santo.
Com 2,2 km, a via recebe hoje 90 mil veículos/dia. A concessionária assumiu a ampliação da capacidade da Avenida do Contorno, transformando duas faixas de rolamento em cada sentido sem acostamento para três faixas de rolamento com acostamento por sentido – podendo este acostamento virar faixa de rolamento quando necessário em operações especiais. A desapropriação atinge pelo menos 130 edificações.
As intervenções nesse trecho começaram em fevereiro de 2013. Na avenida, a concessionária constrói um viaduto de 350 m sobre o antigo pátio da Leopoldina Railway. A estrutura tem 11 vãos, 24 pilares e 66 vigas (70 t cada). Estão sendo usados 4,6 mil m³ de concreto e cerca de 1,5 mil t de aço.
“A região tem um terreno pantanoso. As fundações do viaduto foram feitas em estaca-raiz, parte em trecho alagado”, conta Odílio de Jesus Ferreira, diretor-superintendente da Autopista Fluminense. De acordo com o engenheiro, 50 m do viaduto ainda precisam ser executados.
Odílio explica que a opção de alargamento inicial era no sentido São Gonçalo-Niterói, mas prejudicaria áreas dos estaleiros, importante empregador da região. Então, para minimizar o impacto, a ampliação acontece em 900 m no sentido São Gonçalo-Niterói e 1,3 km no sentido Niterói-São Gonçalo, atingindo agora pequena parte dos estaleiros, no trecho de transição.
Na Avenida do Contorno, está sendo feito também desmonte e remoção de 40 mil m³ de rocha. O trabalho, quase concluído, está sendo executado a frio, sem explosivos, para evitar evacuação de moradores da região altamente adensada, de trabalhadores dos estaleiros, e também a interrupção do complicado tráfego da via.
No total, 200 trabalhadores atuam na obra. Há ainda serviços de adequação de passarelas. A conclusão está prevista para fevereiro de 2015. O investimento é de R$ 65 milhões.
Contorno de Campos
Já no contorno de Campos de Goytacazes, pelo lado oeste do município, de cerca de 30 km, a Autopista Fluminense desenvolve o projeto de engenharia. A cidade possui cerca de 500 mil habitantes e é uma das principais do Estado.
A BR-101 atravessa o município, sendo 15 km em perímetro urbano, gerando sérios conflitos entre o tráfego local e o de longa distância. Com isso, o contorno tornou-se fundamental. “A travessia de Campos é um caos”, resume Odílio.
O projeto inicial previa um contorno de pista simples com duas intersecções, mas foi mudado para pista dupla em cada sentido, com cinco intersecções. Serão três anos de obra.
O diretor-superintendente da Autopista Fluminense prevê dificuldades na execução do projeto. ”A via atravessa a bacia do rio Paraíba do Sul em vários trechos alagadiços”, diz. O contorno terá três pontes, a maior com 1 km, atravessando o próprio rio.
A construção do contorno é entre o km 55 e o km 84,5 da BR-101. De acordo com o contrato de concessão, a obra tem previsão de início para 2017 e deve custar pelo menos R$ 1 bilhão.
Depois do contorno, rumo ao norte, ainda serão feitos 5,5 km de duplicação, com marginais – a partir desse ponto até a divisa RJ/ES, de aproximadamente 40 km, não há no contrato de concessão cláusula de duplicação. Vale lembrar que a BR-101, no Espírito Santo, concessionada à Ecorodovias, precisa ser duplicada em todo o trecho que corta o Estado.
Duplicação
Até agosto, a Autopista Fluminense informa ter feito investimentos de R$ 900 milhões na BR-101. A concessionária calcula que mais R$ 1,1 bilhão será gasto nos próximos cinco anos, sem contar os recursos destinados ao Contorno de Campos.
A Autopista Fluminense, pelo contrato de concessão, deve duplicar 176,6 km da BR-101, entre Rio Bonito (km 261) e Campos dos Goytacazes (km 84) — de Rio Bonito até a Avenida do Contorno na BR-101, já encontrava-se duplicada antes da concessão. O segmento da BR-101 a ser duplicado foi subdivido em três trechos e a previsão de conclusão total das obras é fevereiro de 2017.
Atualmente, a concessionária trabalha em dois trechos para os quais já recebeu as licenças ambientais: entre Campos dos Goytacazes (km 84) e Macaé (km 144), e entre Casimiro de Abreu (km 190) e Rio Bonito (km 261). A pista duplicada está sendo paulatinamente liberada ao tráfego na medida em que vai ficando pronta.
Na rodovia, se processam também correções de traçado e adequações de pontes, envolvendo incorporação de acostament
o e reforço estrutural. No município de Casimiro de Abreu será construído viaduto de 120 m para evitar conflito com o tráfego local.
Estrada corta área de preservação do mico-leão-dourado
Dos 320 km da BR-101/RJ Norte que a Autopista Fluminense administra, 75 km são de trecho contínuo de áreas de preservação. O engenheiro Odílio de Jesus Ferreira, diretor-superintendente da concessionária, avalia que a liberação de obras para duplicação nessa área exige esforço.
Do km 188 ao km 259 existe a Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São João, sendo que do km 214 ao km 218 encontra-se a Reserva Biológica Poço das Antas. Já entre o km 183 e km 190 existe a Reserva Biológica União.
As unidades de conservação pertencem ao ecossistema da Mata Atlântica e são conhecidas por abrigar um dos símbolos da fauna brasileira e que possui amplo programa de preservação: o mico-leão-dourado.
“Além disso, a rodovia cruza mananciais”, lembra Odílio. O engenheiro explica que a rodovia atravessa várias regiões brejosas. “Solo é a engenharia menos exata. É o menos preciso, mas a solução necessita ser eficaz e econômica na hora de fazer a construção. Essa é a maior dificuldade”, finaliza.
Fonte: Revista O Empreiteiro