Intervenções na BR-101 incluem duas obras extensas em Niterói e Campos

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Obras do Contorno de Campos vão transferir tráfego urbano

 

Investimentos nos dois projetos alcançam mais de R$ 1 bilhão

 

Augusto Diniz – São Gonçalo (RJ)

 

Dois grandes desafios foram colocados à frente da Autopista Fluminense, controlada pela Arteris, que em 2008 assumiu os 320 km da BR-101, de Niterói à divisa dos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo: um é ampliar a Avenida do Contorno, um dos maiores gargalos rodoviários do País; e o outro é fazer um contorno de 30 km em Campos dos Goytacazes, um dos principais municípios do Rio. O primeiro projeto já está com as execuções em andamento. O segundo poderá começar em 2017.
          

A Avenida do Contorno é o início da BR-101 de quem vem da capital fluminense. Criada nos anos 60 para atender os estaleiros da região e ser opção viária entre Niterói e a populosa São Gonçalo, viu transformar-se em um gargalo rodoviário com a inauguração da ponte Rio-Niterói em 1974 e, posteriormente, com a construção da Niterói-Manilha, passagem para a Região dos Lagos, Norte Fluminense e Espírito Santo.

 

Com 2,2 km, a via recebe hoje 90 mil veículos/dia. A concessionária assumiu a ampliação da capacidade da Avenida do Contorno, transformando duas faixas de rolamento em cada sentido sem acostamento para três faixas de rolamento com acostamento por sentido – podendo este acostamento virar faixa de rolamento quando necessário em operações especiais. A desapropriação atinge pelo menos 130 edificações.

 

As intervenções nesse trecho começaram em fevereiro de 2013. Na avenida, a concessionária constrói um viaduto de 350 m sobre o antigo pátio da Leopoldina Railway. A estrutura tem 11 vãos, 24 pilares e 66 vigas (70 t cada). Estão sendo usados 4,6 mil m³ de concreto e cerca de 1,5 mil t de aço.

 

Odílio de Jesus Ferreira, da Autopista Fluminense

 

“A região tem um terreno pantanoso. As fundações do viaduto foram feitas em estaca-raiz, parte em trecho alagado”, conta Odílio de Jesus Ferreira, diretor-superintendente da Autopista Fluminense. De acordo com o engenheiro, 50 m do viaduto ainda precisam ser executados.

 

Odílio explica que a opção de alargamento inicial era no sentido São Gonçalo-Niterói, mas prejudicaria áreas dos estaleiros, importante empregador da região. Então, para minimizar o impacto, a ampliação acontece em 900 m no sentido São Gonçalo-Niterói e 1,3 km no sentido Niterói-São Gonçalo, atingindo agora pequena parte dos estaleiros, no trecho de transição.

 

Na Avenida do Contorno, está sendo feito também desmonte e remoção de 40 mil m³ de rocha. O trabalho, quase concluído, está sendo executado a frio, sem explosivos, para evitar evacuação de moradores da região altamente adensada, de trabalhadores dos estaleiros, e também a interrupção do complicado tráfego da via.

 

Ampliação da Estrada do Contorno poderá representar o fim de um dos maiores gargalos rodoviários do País

 

No total, 200 trabalhadores atuam na obra. Há ainda serviços de adequação de passarelas. A conclusão está prevista para fevereiro de 2015. O investimento é de R$ 65 milhões.

 

Contorno de Campos

Já no contorno de Campos de Goytacazes, pelo lado oeste do município, de cerca de 30 km, a Autopista Fluminense desenvolve o projeto de engenharia. A cidade possui cerca de 500 mil habitantes e é uma das principais do Estado.

 

A BR-101 atravessa o município, sendo 15 km em perímetro urbano, gerando sérios conflitos entre o tráfego local e o de longa distância. Com isso, o contorno tornou-se fundamental. “A travessia de Campos é um caos”, resume Odílio.

 

O projeto inicial previa um contorno de pista simples com duas intersecções, mas foi mudado para pista dupla em cada sentido, com cinco intersecções. Serão três anos de obra.

 

O diretor-superintendente da Autopista Fluminense prevê dificuldades na execução do projeto. ”A via atravessa a bacia do rio Paraíba do Sul em vários trechos alagadiços”, diz. O contorno terá três pontes, a maior com 1 km, atravessando o próprio rio.

 

A construção do contorno é entre o km 55 e o km 84,5 da BR-101. De acordo com o contrato de concessão, a obra tem previsão de início para 2017 e deve custar pelo menos R$ 1 bilhão.

 

Depois do contorno, rumo ao norte, ainda serão feitos 5,5 km de duplicação, com marginais – a partir desse ponto até a divisa RJ/ES, de aproximadamente 40 km, não há no contrato de concessão cláusula de duplicação. Vale lembrar que a BR-101, no Espírito Santo, concessionada à Ecorodovias, precisa ser duplicada em todo o trecho que corta o Estado.

 

Duplicação

Até agosto, a Autopista Fluminense informa ter feito investimentos de R$ 900 milhões na BR-101. A concessionária calcula que mais R$ 1,1 bilhão será gasto nos próximos cinco anos, sem contar os recursos destinados ao Contorno de Campos.

 

A Autopista Fluminense, pelo contrato de concessão, deve duplicar 176,6 km da BR-101, entre Rio Bonito (km 261) e Campos dos Goytacazes (km 84) — de Rio Bonito até a Avenida do Contorno na BR-101, já encontrava-se duplicada antes da concessão. O segmento da BR-101 a ser duplicado foi subdivido em três trechos e a previsão de conclusão total das obras é fevereiro de 2017.

 

Atualmente, a concessionária trabalha em dois trechos para os quais já recebeu as licenças ambientais: entre Campos dos Goytacazes (km 84) e Macaé (km 144), e entre Casimiro de Abreu (km 190) e Rio Bonito (km 261). A pista duplicada está sendo paulatinamente liberada ao tráfego na medida em que vai ficando pronta.

 

Na rodovia, se processam também correções de traçado e adequações de pontes, envolvendo incorporação de acostament
o e reforço estrutural. No município de Casimiro de Abreu será construído viaduto de 120 m para evitar conflito com o tráfego local.

 

Estrada corta área de preservação do mico-leão-dourado

Dos 320 km da BR-101/RJ Norte que a Autopista Fluminense administra, 75 km são de trecho contínuo de áreas de preservação. O engenheiro Odílio de Jesus Ferreira, diretor-superintendente da concessionária, avalia que a liberação de obras para duplicação nessa área exige esforço.

 

 

Do km 188 ao km 259 existe a Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São João, sendo que do km 214 ao km 218 encontra-se a Reserva Biológica Poço das Antas. Já entre o km 183 e km 190 existe a Reserva Biológica União.
As unidades de conservação pertencem ao ecossistema da Mata Atlântica e são conhecidas por abrigar um dos símbolos da fauna brasileira e que possui amplo programa de preservação: o mico-leão-dourado.

“Além disso, a rodovia cruza mananciais”, lembra Odílio. O engenheiro explica que a rodovia atravessa várias regiões brejosas. “Solo é a engenharia menos exata. É o menos preciso, mas a solução necessita ser eficaz e econômica na hora de fazer a construção. Essa é a maior dificuldade”, finaliza.
 

 

 

Fonte: Revista O Empreiteiro


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