Nova subida da Rio-Petrópolis, fica pronta antes da Olimpíada

A cidade serrana é a maior atração turística próxima do Rio além do litoral; a estrada também faz a ligação da capital fluminense com Minas Gerais

 

Augusto Diniz – Petrópolis (RJ)

 

Na Copa do Mundo foi comum ver turistas brasileiros e estrangeiros perambulando por Petrópolis. Com menos de 70 km de distância do Rio, a cidade possui diversos prédios e monumentos históricos da época do Império, além de clima serrano agradável, restaurantes bons, fábricas de cerveja, comércio de roupas barato e intenso, além de vegetação exuberante no Parque Nacional Serra dos Órgãos. Por certo, a cidade vai voltar a receber milhares de visitantes nos Jogos Olímpicos como opção turística fora do litoral carioca.
 

Em outra vertente, a estrada do Rio a Petrópolis é também o principal caminho para veículos pesados que seguem rumo a Minas Gerais, terceiro estado mais rico da nação, atrás do próprio Rio e também São Paulo. Só que o atual trecho de subida da serra é antiquado e sinuoso, foi inaugurado há mais de 100 anos e está saturado, não tem acostamento e é um tormento quando quebra um veículo em seu percurso, ou comboios de veículos pesados resolvem trafegar por ela ou ainda em vésperas de feriado e final de semana.

 

  

Obras no desemboque (à esquerda), na janela de acesso para acelerar as escavações (centro) e no emboque (à direita) estão na etapa inicial do túnel de 4,6 km 

 

É dentro desse contexto de oferecer mais fluidez ao tráfego com menor impacto ambiental que a chamada Nova Subida da Serra está sendo construída, em um custo estimado de R$ 1 bilhão. A obra hoje tem 1.600 trabalhadores em todo seu trecho, com mais de 250 máquinas e caminhões em operação.

 

O projeto já era discutido desde que a Concer assumiu a operação da rodovia BR-040 em 1996, entre o Rio de Janeiro e Juiz de Fora (MG), com passagem pelo município de Petrópolis no topo da serra, perfazendo um total de 180,4 km de estrada. No final do ano passado, o restante do segmento da rodovia, de Juiz de Fora a Brasília, foi concessionado à Invepar.

 

A nova pista da Subida da Serra tem extensão de 20,7 km e teve sua obra iniciada em abril de 2013. Ela parte do distrito de Xerém, em Duque de Caxias, no Grande Rio, e segue até o município de Petrópolis. Um túnel de 4,6 km é a principal etapa da obra. Há também trabalhos em 28 pontes e viadutos no alargamento de estruturas. Depois de pronta, a antiga subida deve se transformar em estrada-parque já que corta áreas de preservação ambiental.

 

As obras estão divididas em cinco lotes: lote 1, do km 103 ao 97, com construção de nova pista e nova praça de pedágio; lote 2, do km 97 ao 87,5, com construção da nova pista; lote 3, do km 87,5 ao 82,5, com a construção do túnel; lote 4, com a ligação do túnel e a entrada de Petrópolis no km 82; e o lote 5, com a ligação dos bairros de Petrópolis, Bingen e Quitandinha, pela antiga estrada.

 

De acordo com a concessionária, o lote 1 apresenta muitas interferências, pois se realiza em área densamente habitada. Neste trecho foi preciso remanejar 1.700 m de duto de água da Petrobras, que abastece a Refinaria Duque de Caxias. Também nesse lote, a praça do pedágio está sendo transferida de local, fazendo com que o tráfego do distrito de Xérem com a cidade de Duque de Caxias não necessite mais passar pelo pedágio – a situação gerava conflitos com a comunidade, mesmo com acesso especial acordado com a concessionária.

 

Já no lote 2 é onde ocorre a maioria das obras de alargamento de elevações. No lote 5, a ligação dos bairros de Bingen e Quitandinha era uma antiga reivindicação de Petrópolis e que agora será feita a partir de trecho a ser desativado da estrada por conta da construção do túnel.

 

Túnel

A mais complexa etapa da Nova Subida da Serra é o túnel, que teve o início dos trabalhos em janeiro deste ano. A escolha se procedeu principalmente pelo baixo impacto ambiental. A estrutura terá duas vias de subida, mais acostamento, com 6% de inclinação. A seção é de 122,3 m², com a galeria de segurança confinada. O método de escavação é o NATM.

 

Para a execução inicial tanto do emboque como do desemboque, a escavação se procedeu em seção mista de rocha e terra, sem detonação.

 

No desemboque, aplicou-se o método side drift por recomendação das projetistas do túnel (Intertechne e PCE). A escavação é feita com uma galeria em cada lateral (sendo uma maior para acesso de veículos ao túnel). Percorreu-se até agora 78 m usando esse processo. Somente depois de escavado todo o túnel é que o miolo entre as galerias será removido, trabalhando-se de dentro para fora.

 

No desemboque, os trabalhos avançam neste momento a seção plena, dessa forma, um jumbo executa os furos do plano de fogo, segue-se a detonação, limpeza com escavadeira shovel e posterior bota-fora, máquina “bate-choco” para retirada de rocha fraturada, colocação de tirantes de 4 m, e concreto projetado – o concreto tem fibra de polipropileno sintético para maior segurança contra calor já que o túnel é bem extenso.

 

A escavação tem se dado em rocha gnaisse, muito abrasiva e que costuma gerar severo desgaste nos equipamentos.

 

Hoje, o desemboque avança 4 m por dia, mas a meta é atingir 6 m/dia em breve – acontece uma explosão por dia, mas o objetivo é ter três detonações a cada dois dias, alcançando 30 m semanais de escavação.

 

No emboque, as escavações avançam de forma mais lenta. No final de julho é que começaram as detonações; até então o processo de escavação se realizava com rompedor.

 

Uma janela com acesso de 333 m de extensão está sendo feita para criar mais duas frentes de escavação do túnel – uma em direção ao emboque e outra na direção ao desemboque. A expectativa é que em
novembro deste ano essas duas frentes de escavação do túnel estejam operando.

 

Esta janela atualmente está em processo de tratamento de encosta antes de se iniciar a sua escavação. A janela tem emboque às margens da pista de descida da BR-040 na serra. O local já sofreu no passado deslizamentos e é possível ver trabalhos de contenção antigos feitos na rocha naquele trecho.

 

O consórcio colocou mais 350 tirantes para tratamento da encosta. Foram ainda colocados 1.500 m² de tela de alta resistência. Na janela, há um monitoramento extenso de recalque. As detonações começaram este mês (agosto). A janela tem seção entre 7 m e 8 m. Ela depois será usada como acesso de serviço do túnel.

Um sistema de exaustão especial será implementado no túnel pronto, com cerca de 40 ventiladores. Haverá medidores de gases em toda a sua extensão. Além dos veículos percorrerem grande extensão em confinamento, a dispersão natural das emissões de gases provocadas por eles se dará na mesma direção em que os veículos estão seguindo, ou seja, para cima, o que exigirá um eficiente e controlado sistema de exaustão.

Fonte: Revista O Empreiteiro

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