Inundações causam morte, fome e destruição no País

Compartilhe esse conteúdo

Mudanças climáticas, liberação de recursos para obras contra cheias segundo critérios políticos e falta até de equipamentos e técnicos para monitorar nível dos rios, são as causas das tragédias no País, mais recentemente em Pernambuco e Alagoas

As tragédias se repetem, com um agravante: o governo sabe que elas continuarão a se repetir e, cada vez mais, em escala maior. Foi assim em Santa Catarina. Da mesma forma, no Rio de Janeiro, sobretudo em Niterói, com o deslizamento no Morro do Bumba. Repetiu-se em São Paulo, a mais rica cidade do País, com uma nota que seria curiosa, não fosse trágica: vários bairros ficaram debaixo d´água e um deles, o Jardim Pantanal, passou dois meses com as ruas submersas, com a população entregue à própria sorte, sem que fosse adotada uma solução para o escoamento das águas paradas dentro das casas.

Periódicas no Sul e Sudeste e eventuais no Centro-Oeste, as enchentes chegaram ao Nordeste, em particular nos Estados de Pernambuco e Alagoas, e alcançaram regiões até então castigadas secularmente apenas pelas. Desta vez, no entanto, foi diferente. As populações locais, que não têm o costume de lidar com chuvas intensas, de repente foram surpreendidas pelas cheias.

As chuvas caíram com intensidade na cabeceira dos rios Serinhaém e Una, na Zona da Mata pernambucana. Em três dias choveu mais de 450 milímetros, a rigor um volume que se distribui no período de inverno. As águas foram se encachoeirando, ganharam ímpeto e causaram morte e devastação ao longo das cidades ribeirinhas.

Elas alcançaram, em Pernambuco, dentre outras, as cidades do Recife, Joboatão de Guararapes, Vitória de Santo Antão, Belo Jardim, Agrestina, Cortes, Água Preta e Barreira, avançando, depois, para as cidades alagoanas de Quebrangulo, Santana do Mundaú, União dos Palmares, Branquinha, Murici e Rio Largo. Casas foram destruídas, inclusive aquela onde nasceu Graciliano Ramos e que preservava um pouco da história do escritor.

Pontes e viadutos foram derrubados. Pequenas estações de tratamento de água foram arrebentadas. Houve interrupção no fornecimento de água e de energia elétrica. A população teve de abandonar os imóveis e se recolher em abrigos improvisados pelo poder público em escolas e em outros locais. Alguns se salvaram agarrando-se aos pés de coqueiro ou se alojando no alto de morros. ugares inacessconseguiram se salvar agarrando-se a coqueiros ou subindo Mundap

Na seqüência desses acontecimentos veio a contabilidade da tragédia: mais de 40 mortos, 115 mil desabrigados e cerca de 600 pessoas então dadas como desaparecidas.

Os estragos se alastraram por trechos da BR-101, em Pernambuco, rodovia que vem sendo duplicada e modernizada com a utilização de pavimento rígido. Técnicos do Departamento de Infraestrutura de Transportes (DNIT) estiveram naqueles locais e recomendaram o emprego de R$ 60 milhões na reconstrução de duas pontes em Pernambuco e de R$ 12 milhões na reconstrução de trechos das BRs 101, 104 e 316, em Alagoas.

Barragens do DNOCS

O governo pernambucano argumentou, através da Secretaria de Recursos Hídricos, que a bacia do rio Una comporta pelo menos quatro barragens para controle das cheias na região. Para construir essas obras, no entanto, vai precisar de pelo menos R$ 600 milhões. Simultaneamente, os governos de Pernambuco e Alagoas negaram informações de que as cheias teriam sido agravadas pelo rompimento de barragens e açudes. E não faltou quem atribuísse parte da tragédia ao rompimento de barragens particulares na bacia dos rios Canhoto, em Pernambuco, e Mundaú, na divida dos dois Estados.

São 13 as principais barragens do DNOCS em Pernambuco. Uma das principais é a de Jucazinho, em Surubin, a 143 km do Recife, inaugurada em 1998. Ela já chegou à capacidade máxima: cerca de 330 milhões de m³ de água. Abastece Surubin, Frei Miguelinho, Vertentes, Vertentes do Lério, Salgadinho e Santa Maria do Cambucá. Em Alagoas, uma das barragens daquele departamento é a de Cafuma, localizada numa reserva indígena de Palmeira dos Índios.

Autoridades estaduais assinalam a necessidade de construção de novas barragens e de manutenção das barragens existentes. Um parlamentar local informou que o DNOCS, a mais antiga instituição federal que atua no Nordeste, e que tem um histórico importante de ajuda à região, passa por uma série de dificuldades. O quadro de funcionários é acanhado e o órgão não dispõe de veículos para fiscalizar as condições das barragens da região.

As mudanças climáticas e
o manifesto do Confea

Vários técnicos ainda mantêm reservas em atribuir as chuvas torrenciais que têm caído em diversos regiões brasileiras ao impacto das mudanças climáticas no mundo. A recorrência do fenômeno, porém, vem demonstrando que o País não está imune àqueles efeitos. Análise de meteorologistas demonstra, em particular no caso de Pernambuco e Alagoas, que frentes frias provenientes do Sul chegaram ao Nordeste com muita força, seguindo na direção do oceano, atualmente 1,5ºC mais quente do que o normal nessa época do ano.

Em contato com as águas, as nuvens então formadas foram empurradas para o interior do continente, ensejando as fortes chuvas que caíram nos dois Estados. As mudanças climáticas, portanto, são um fato. E os governos e a sociedade precisam, segundo algumas áreas da Engenharia, precisam assimilar a ideia de que tecnologias sofisticadas têm de ser aplicadas para providências de prevenção contra as possibilidades de chuvas intensas, a fim de prevenir tragédias semelhantes às que vêm acontecendo. Eles acreditam que a engenharia precisa ser convocada com urgência para os projetos e obras de grande alcance, a médio e a longo prazos.

O Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea) emitiu nota, através de seu presidente, Marcos Túlio de Melo, defendendo planos adequados para evitar ocorrências como as que ocorreram em Pernambuco, Alagoas e em outras regiões. "É preciso ações contundentes, não só no planejamento, mas na fiscalização e ocupação dos espaços, por parte da União, Estados e municípios", adverte Marcos Túlio.

Manifesto do Confea destaca o seguinte: "Diante do quadro atual, se torna urgente a implementação, nas cidades brasileiras, de um planejamento estratégico contextual e integrado entre as diferentes áreas do conhecimento (grifo nosso), e a implantação de planos para o gerenciamento e a prevenção nas áreas de risco, ambientalmente degradadas, com previsão para a montagem de equipes técnicas qualifica

das, que informem a localização e o grau para cada situação apresentada. Isso, complementado por sistemas de alerta, de retirada provisória da população e de atendimento emergencial, de forma a acabar com a vulnerabilidade das famílias que hoje vivem nessas áreas.

"O Confea defende também o controle geotécnico das encostas e a fiscalização eficiente da ocupação do solo e o monitoramento e contenção de cheias e de encostas, e de serviços integrados de meteorologia, que permitam a correta gestão das informações. O Confea ressalta a importância da implementação dos instrumentos urbanísticos previstos no Estatuto da Cidade, que devem ser inseridos nos planos diretores dos municípios, a fim de garantir um eficaz planejamento urbano e, em especial, o direito universal à moradia digna."

As enchentes no País

A revista O Empreiteiro, edição 485, publicou um histórico das principais enchentes já ocorridas no Brasil, em anos recentes. E assinalou que na maior parte das regiões, exceto nas grandes barragens das hidrelétricas, o sistema de observação do nível das águas é precário e, em alguns casos, as medições são feitas com réguas improvisadas de madeira.

Em algumas regiões, os alagamentos e enchentes repetem-se ano a ano, como em Minas Gerais, Santa Catarina, estados nordestinos, além das regiões mais densamente povoadas, como São Paulo e Rio de Janeiro. Mas poucas obras preventivas foram executadas ao longo desses períodos e que tornaram as populações dessas regiões expostas às mudanças climáticas, que tornaram as chuvas e ciclones tropicais muito mais severos.

As enchentes de abril, no Rio de Janeiro, por exemplo, foram consideradas a quinta mais fatal do mundo em 12 meses. Segundo dados preliminares do Centro de Pesquisas de Epidemiologia dos Desastres (Cred, na sigla em inglês), a pedido da BBC Brasil, as quatro enchentes que mais mataram pessoas nos últimos 12 meses foram na Índia, Arábia Saudita e Serra Leoa. O Cred, sediado na Bélgica, coleta dados sobre catástrofes há 30 anos e fornece estatísticas para pesquisadores de todo o mundo.

O pior incidente aconteceu na Índia, onde as chuvas de monções em julho do ano passado em diversas partes do país deixaram 992 pessoas mortos. Em setembro, outras 300 pessoas morreram, também em inundações na Índia. A lista é seguida por inundações na Arábia Saudita – em novembro, com 163 mortos – e Serra Leoa, em agosto, com 103 mortos. A enchente desta semana no Rio aparece na quinta posição na lista do Cred.

Outra enchente no Brasil – que inclui as inundações no litoral do Rio e São Paulo, em janeiro – era até esta semana a mais fatal no mundo em 2010. Naquela ocasião, 74 pessoas morreram, segundo o instituto belga.

As outras enchentes mais fatais registradas neste ano pelo Cred foram em Madeira, Portugal (42 mortos em fevereiro), Cazaquistão (37 mortos em março), México (41 mortos em janeiro) e França (45 mortos em fevereiro e março). Os dados deste ano ainda são preliminares e estão sendo revisados pelo centro.

No Rio de Janeiro, a maior parte das mortes foi causada por deslizamentos em Niterói e no Rio de Janeiro. As cidades foram atingidas por algumas das chuvas mais fortes em anos no fim da tarde de segunda-feira. Para especialistas em desastres, os mais pobres são os mais vulneráveis em casos como este. O levantamento do Cred mostra que os países pobres lideram no número de mortes por inundações.

Um relatório de 2009 do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) afirma que apenas 11% das pessoas expostas a catástrofes naturais vivem em países pobres, mas que é em países pobres que ocorrem mais de 53% das mortes.

Estatística

Tubarão/ SC, 24 de março de 1974 – As chuvas foram mais intensas nos costões da serra, aumentando o volume dos rios, alagando as áreas baixas. A vila Presidente Médici foi o primeiro bairro a ser atingido. No sábado, dia 23, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros haviam se mobilizado para socorrer a população dos bairros mais alagados. A Rádio Tubá prestava serviço de informações, alertando a população. As escolas dispensaram os alunos. Mas alguns moradores permaneceram em suas casas, sem acreditar que a água fosse além do que estavam vendo.

Por volta das 18 horas, a ponte pênsil foi tragada, e as águas invadiram o centro comercial. O bairro Oficinas e a margem esquerda foram tomados pela água, em níveis variando de 20 centímetros a 1 metro. O comandante da 3º cia. proibiu a Rádio Tubá de dar notícias sobre a enchente, alegando que a emissora estaria promovendo sensacionalismo, transmitindo pânico à população. Com isso a população ficou desorientada e desinformada.

No dia 24 março os bairros continuavam alagados, mas o nível do rio estava estabilizado. No fim da tarde a chuva voltou com a mesma intensidade da noite anterior..

A cidade ficou sem comunicação. Ao clarear do dia de segunda-feira, a chuva continuava intensa. Um único helicóptero fazia o trabalho de salvamento. As residências no morro da catedral recebiam toda a espécie de flagelados em desespero. No Colégio Gallotti, um grupo de professores se organizou e se dirigiu ao vizinho supermercado Carradore (que não existe mais) e requisitaram alimentos para os refugiados daquele estabelecimento de ensino.

No dia 27 de março, já em dia ensolarado, as águas do rio Tubarão começaram a baixar deixando atrás de si uma impressionante camada de lama que variava de 30 centimetros a 1,20 metro. As ruas se apresentavam com enormes buracos, entulhados de lama, madeiras e restos do material das casas demolidas. Entre as informações desencontradas, oficialmente são registradas 199 mortes.

Vale do Rio Doce, ES, 1979 – No dia 26 de janeiro choveu o acumulado de 101 mm em Bom Jesus do Galho; Em 30 de janeiro daquelle ano foram acumulados 132 mm em Aimoré e 164 mm no município de Ipanema. Em 1º de fevereiro foram 81 mm em Ipanema e 131 mm no município de Coronel Fabriciano. Em 2 de fevereiro foram 161 em Belo Oriente. Na capital, Belo Horizonte foram 82 mm em 28 de janeiro e 98 mm no dia 1º de fevereiro. Foi das maiores enchentes registradas no Vale do Rio Doce e em parte do Espírito Santo, causando repercussão mundial. e

Blumenau, SC, 1983 – Somente em Blumenau, 197 mil pessoas ficaram desabrigadas e oito morreram depois que o rio Itajaí-Açu subiu 15,34 m. A enchente durou 31 dias, do dia 5 de julho até 5 de agosto. Em agosto do ano seguinte, o rio atingiu 15,46 m e deixou um saldo de 155 mil desabrigados e 16 mortos.

Rio de Janeiro, 12 de fevereiro de 1988 – Fortes chuvas geram deslizamento no Morro Dona Marta deixa 6 mortos, 40 feridos e 300 desabrigados. Uma tela usada em uma obra de contenção de encosta rompeu-se sob o peso do lixo e da lama, acumulados durante uma semana de fortes chuvas. A enxurrada destrui

u cerca de 30 barracos. No dia 19 de fevereiro, novos deslizamentos deixam 289 mortos, 734 feridos, 18.560 desabrigados, prejuízos US$ 935 milhões.

Minas Gerais – Em 1979, Minas viveu a pior enchente de sua história. Após mais de 35 dias de chuva, em janeiro e fevereiro, 246 pessoas morreram e 37 cidades ficaram ilhadas. No ano de 1991, até 17 de fevereiro, houve 42 mortos devido às chuvas. A Grande Belo Horizonte, a Zona da Mata e o sul de Minas foram as áreas mais afetadas. Em 1992, 30 dias de chuva deixaram 33 mortos e 33 mil desabrigados, além de 47 cidades em estado de emergência. Foi em 1997 a segunda pior tragédia no Estado, depois apenas da de 79. Pelo menos 83 pessoas morreram só em janeiro. Mais de 26 mil ficaram desabrigadas, e cerca de 600 mil ficaram sem água potável. Foi decretado estado de calamidade pública em ao menos oito municípios. A região central do Estado foi a mais afetada.

Em 1994, diagnóstico da Companhia Urbanizadora de BH (Urbel) acendeu o sinal de alerta para mais de 15 mil edificações, a maioria em encostas. Em 200 nove crianças perderam a vida no Morro das Pedras, aglomerado na Região Oeste da capital, um dos 211 de BH. O perigo foi reduzido com a retirada pela prefeitura, de milhares de famílias das áreas de risco. Em 2009 esse número caiu para 3.775, sendo 274 em locais sujeitos a alagamentos. Mas agora é na proximidade de cursos d’água impermeabilizados que vem ocorrendo o maior número de vítimas na cidade. No Réveillon 2008/2009, o Ribeirão Arrudas, já canalizado, submergiu à força das águas e causou três mortes registrando 109 milímetros de água acumulada somente numa noite.

Paraíba, 2004 – Em fevereiro de 2004, o Governo do Estado decretou situação de emergência na Paraíba, por causa das cheias, que castigaram todas as regiões. As chuvas fortes começaram exatamente na segunda quinzena de janeiro e, até o dia 16 de fevereiro daquele ano, a Defesa Civil Estadual já tinha contabilizado mais de 26 mil pessoas desabrigadas e 122 municípios em estado de emergência por causa das chuvas.

Santa Catarina, 2008 – As enchentes ocorreram depois de um período de grandes chuvas durante o mês de novembro de 2008, afetando em torno de 60 cidades e mais de 1,5 milhões de pessoas no estado. Morreram 135 pessoas e cerca de 9 mil deixaram suas casas, com 5.617 moradores desabrigados. Várias cidades ficaram sem acesso devido as enchentes, escombros e deslizamentos de terra. No Porto de Itajaí grande parte dos berços de atracação ficaram destruídos. E o nível do Vale do Itajaí chegou a subir 11,52 m acima do nível normal. O Estado acumulou mais de R$ 200 milhões de prejuízo.

Nordeste, 2008 – No início do ano, fortes chuvas afetam os estados do Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Paraíba. Só no Sertão Paraíbano chove mais do que o previsto para o ano inteiro. O número de desalojados é de 37.385 e o de desabrigados é de 77.580.

Cocal, 27 de maio de 2009, Piauí – Rompimento de barragem de Algodões 1, na cidade de Cocal da Estação, no norte do estado, liberou as águas do rio Pirangi, deixando a cidade praticamente submersa. Em algumas regiões a água atingiu 20 metros de altura, cobrindo por completo residências. As águas do rio alagaram uma área de 50 km, ivandindo casas, prejudicando a lavoura, além de fazer vítimas fatais.

São Paulo, capital e interior, 2010 – Chuvas fortes acometem São Paulo a partir de dezembro de 2009 e se estendem pelos primeiros meses de 2010. Vários bairros na capital paulista, que até então nunca tinham alagado, foram invadidos pela água. O Jardim Pantanal, na Zona Leste da capital paulista, próximo às margens do rio Tietê, tem suas casas e ruas submersas e assim permanece por quase dois meses colocando a vida de seus moradores em perigo. Muitos vão embora. A prefeitura lança um programa para desocupação da área crítica, que deverá transformar-se em parque, mas a região continua com áreas submersas pelo mês de março. No interior, a cidade histórica de São Luis do Paraitinga, no Vale do Ribeiro, é destruída pelas águas que danificou e destruiu vários edifícios tombados. Houve destruição ainda em Cunha, Guararema, Bofete e em outras cidades, onde pontes e trechos de estradas estaduais e vicinais foram danificados.

A Via Dutra sofre processo erosivo em alguns trechos causado pela força das chuvas.

Rio Grande do Sul, Agudo, 2010 – em 5 de janeiro, a força das águas do rio Jacuí leva à fratura da ponte, no município de Agudo, afogando cerca de10 pessoas que estavam sobre ela, incluindo o vice-prefeito da cidade. A ponte, inaugurada em 1963, fora executada em concreto, com seis pilares e dois encontros fechados nas extremidades.

Rio de Janeiro, 2010 – Desde dezembro o Estado do Rio de Janeiro fica em alerta com deslizamentos em várias cidades, como Baixada Fluminense e Niterói. Em Jacarepaguá, casas foram soterradas. O mais caso mais traumático ocorreu em Angra dos Reis, onde uma pousada foi soterrada na Ilha Grande vitimando 50 pessoas que escolheram o lugar para passar ver o Réveillon.

Abril, Rio de Janeiro. No início de abril, um forte temporal alaga toda a cidade do Rio de Janeiro afetando também serviços como iluminação e abastecimento da cidade. A Lagoa Rodrigo de Freitas transborda e ruas e bairros centrais ficam isolados, incluindo os estádios do Maracanã. A chuva afetou os acessos ao Parque Nacional da Tijuca e ao Cristo Redentor, que teve sua estabilidade ameaçada. O prefeito Eduardo Paes assina decreto permitindo a retirada a força de habitantes em área de risco.

Laudos técnicos da GeoRio e da Defesa Civil municipal recomenda a retirada imediata dos moradores das oito primeiras comunidades – Urubu (Pilares), Prazeres (Rio Comprido), Fogueteiro (Centro), São João Batista (Botafogo), Cantinho do Céu e Pantanal (parte da comunidade do Turano, na Tijuca), Laborioux (Rocinha) e Parque Columbia (às margens do Rio Acari).

Em Niterói, deslizamento no Morro do Bumba soterra 60 casas. Até o final de abril 45 corpos tinham sido encontrados. O morro era um antigo "lixão" que acabou sendo habitado, apesar das condições de perigo e sem que houvesse uma fiscalização da prefeitura local. Por todo estado são mais de 31,5 mil desabrigados. Construído na beira de uma encosta em frente ao MAC (Museu de Arte Contemporâneo), o Maquinho, prédio projetado em Niterói (15 km do Rio) por Oscar Niemeyer, é interditado devido ao risco de desmoronar.

Com o asfalto e o concreto alastrando-se pelo chão da capital, as mesmas águas que, em vez de penetrar no solo, correm rapidamente para os cursos d’água devolvem sua força ao entrar nas moradias e no comércio localizados nas várzeas e fundos de vale. Por vezes, elas também jorram para fora dos 200 quilômetros de galerias subterrâneas espalhados pela cidade. A mudança no perfil dos desafios que chegam com a chuva s

e traduz claramente em números. De acordo com o balanço do Grupo Executivo em Área de Risco (Gear) da Prefeitura de BH, no período chuvoso de 2008/2009, a Coordenação Municipal de Defesa Civil (Comdec) atendeu 210 ocorrências de deslizamento de encostas, enquanto os casos de inundação foram mais que o triplo: 692. Bem diferente do último balanço detalhado do Gear, referente ao período de 2005/2006, que registrava 133 atendimentos de deslizamento de encostas e apenas 87 de inundação.

Fonte: Estadão


Compartilhe esse conteúdo

Deixe um comentário