Hidrelétrica Jirau, que faz parte do complexo do Rio Madeira, terá potência instalada
de 3.450 MW e energia assegurada superior a 2.000 MW médios
Com a licença de instalação emitida no início de junho pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), os quatro mil trabalhadores envolvidos em um dos principais projetos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) retomaram as obras. Trata-se da hidrelétrica Jirau, no Rio Madeira, em Rondônia, que terá potência instalada de 3.450 MW, energia assegurada superior a 2.000 MW médios e demandará investimento de R$ 10 bilhões. O primeiro passo agora será o início das obras civis de Jirau, que junto com a usina Santo Antônio forma o Complexo do Rio Madeira. Serão construídas duas casas de força, vertedouro e barramento do projeto, além da linha de transmissão com 90 km de extensão.
"O cronograma de implantação da obra está sendo atualizado, com o incremento de equipamentos e de mão-de-obra para manter o prazo dentro do previsto e promover a geração de energia ao País no início de 2012", afirma Victor Paranhos, presidente da Energia Sustentável do Brasil, concessionária responsável pela usina. A empresa tem como acionistas GDF-Suez (50.1%), Chesf (20%), Eletrosul (20%) e Camargo Corrêa (9.9%). Os acordos de compensação e mitigação ambiental, necessários para a liberação da licença de instalação, foram assinados recentemente com a Prefeitura de Porto Velho e com o Governo de Rondônia para serem aplicados em educação, saúde, segurança pública, habitação popular, infraestrutura e preservação ambiental. O projeto inclui também a construção do Polo Jirau de Desenvolvimento, para onde serão transferidas as famílias que residem nas áreas abrangidas pelo futuro reservatório da usina, e compreende 1.600 casas, escola, posto de saúde e correios, entre outras estruturas.
Projeto otimizado
A Usina de Jirau está sendo construída no local denominado Ilha do Padre e caracteriza-se pela disposição de duas casas de força, uma em cada margem, a primeira com 28 unidades geradoras, do tipo bulbo, acoplada à tomada d’água, localizada no braço direito do Rio Madeira. Na margem esquerda, localizam-se mais 18 unidades geradoras, também do tipo bulbo, tendo como vértice a extremidade sul da Ilha do Padre. Cada uma das casas de força apresenta duas áreas de montagem equipadas para montagem manutenção das 46 unidades geradoras, com 75 MW de potência unitária. A barragem principal, do tipo enrocamento com núcleo argiloso, está disposta segundo um eixo retilíneo ligando a extremidade sul da ilha do Padre à parede direita da casa de força 2, na margem esquerda. A área do reservatório será variável e terá 302,6km², em seu nível d’água máximo Licença normal, com área inundada variando entre 31 km² e 108 km².
A concessionária propôs otimizações no projeto original, incluindo nova localização da barragem, capaz de gerar menor impacto ambiental em comparação com o projeto básico original. Isso foi possível graças a diversos fatores, tais como: menor volume de escavação; manutenção das condições de vazões e fluxos físico/biótico durante a fasede construção; arranjo das estruturas de engenharia em condições amigáveis quanto a biologia fluvial; melhor atendimento às condicionantes dispostas na licença prévia quanto a ictiofauna, movimento de sedimentos e revolvimento do fundo contaminado com mercúrio; condições favoráveis da topografia do eixo alternativo em relação ao eixo original; possível antecipação da geração de energia em face da distribuição adequada no arranjo de duas casas de força; e arranjo de engenharia hidráulica com vertedor em condições mais favoráveis para manutenção dos fluxos físico/biótico de sedimentos, deriva de ovos e passagem de peixes juvenis.
As reduções nas escavações são possíveis pelo fato do alargamento natural do rio no novo local escolhido. Essa redução de escavação e de ensecadeiras apresentam vantagens ambientais pelo fato de reduzir, como conseqüência, o volume de bota fora e áreas de empréstimo aumentando a área a ser preservada de mata original no entorno do canteiro de obras. O fato de manter o Rio Madeira desviado pelos dois braços naturais junto a ilha fluvial existente configura também uma condição ambiental mais favorável ao meio físico/biótico do que a necessidade de construção de canal escavado no eixo original, conforme o primeiro projeto básico.
As mudanças no projeto também significaram melhorias do ponto de vista econômico, como permitir uma casa de força com 28 unidades e a segunda com 18 unidades; reduzir o número de ensecadeiras e dos impactos ambientais; a antecipação da concretagem da segunda casa de força; aumento das áreas de montagem; montagem e comissionamento simultâneos das duas casas de força; antecipação da geração; e com isso a redução da tarifa oferecida ao consumidor.
Fonte: Estadão