Hidrelétrica forma o Complexo do Rio Madeira, terá 3.150 MW de potência instalada e
emprega 11% de mulheres no contingente de 4.300 trabalhadores
Em dezembro de 2011 deverá entrar em operação a hidrelétrica Santo Antônio, que junto com a usina Jirau forma o chamado Complexo do Rio Madeira. O novo prazo, anunciado em junho pela Santo Antônio Energia, antecipa em um ano a data original, porém, para que os benefícios dessa antecipação possam ser de fato aproveitados, tudo dependerá de ajustes no cronograma de obras das empresas responsáveis pela implantação das linhas de transmissão.
A UHE Santo Antônio é uma das principais obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e terá potência instalada de 3.150,4 MW, demandando investimento de R$ 13,5 bilhões. A empresa responsável por sua implantação e operação é a Santo Antonio Energia, que tem como acionistas as empresas Furnas, Odebrecht, Andrade Gutierrez, Cemig o Fundo de Investimentos e Participações Amazônia Energia (FIP), formado pelos bancos Banif e Santander e pelo Fundo de Investimento do FGTS.
A usina está sendo executada em oito etapas construtivas, iniciadas em setembro de 2008 e a cargo do consórcio construtor, formado pela Odebrecht, Andrade Gutierrez, Alstom Hydro Energia Brasil, Bardella, Areva Transmissão e Distribuição de Energia, Siemens, VA Tech Hydro Brasil e Voith Siemens Hydro Power Generation. Atualmente, o canteiro conta com 4.300 empregados diretos, sendo 92% da região. A participação feminina merece destaque: elas ocupam 11 % dos postos. "No pico da obra, entre o fim de 2010 e o início de 2011, teremos cerca de 12 mil trabalhadores aqui", conta Mario Lucio Pinheiro, diretor de contrato da Usina Santo Antônio. Ele explica que no momento as principais estruturas sendo executadas são o vertedouro principal, localizado na margem esquerda, e a casa de força (grupo 1) da margem direita. O próximo marco importante a ser atingido é o início da concretagem dessa casa de força. "Do ponto de vista da engenharia, o principal desafio da obra é o desvio do rio de segunda fase, que terá início em junho de 2011", explica Pinheiro.
Dois canteiros
Para a execução da hidrelétrica foram montados dois canteiros, um em cada margem do Rio Madeira, mas a obra foi iniciada pelo lado direito, em Porto Velho (RO). O trecho do rio que vai da margem direita à Ilha do Presídio foi isolado com a construção de ensecadeiras e neste local começou o trabalho de escavação em rocha no trecho onde ficará o primeiro dos quatro grupos de casas de força da usina. A primeira turbina, do tipo bulbo, vai começar a operar em dezembro de 2011 e três vãos complementares de vertedouros nessa margem escoarão o excesso de vazão do rio.
No início de 2009 começou a operação de limpeza da área e construção do acampamento do canteiro de obras na margem esquerda, bem como as escavações na região do vertedouro principal, com 15 vãos. Também ali perto, na ombreira esquerda, ficarão o segundo e terceiro grupos de geração, abrigando 24 turbinas. A grande diferença dos trabalhos nesse trecho (onde ficarão as turbinas de no 09 a 32) é que a escavação será realizada sem a necessidade de implantação de grandes ensecadeiras.
Quando as primeiras turbinas começarem a gerar energia, o vertedouro principal (erguido na margem esquerda) abrirá suas comportas para que o rio seja desviado e as últimas 12 turbinas possam ser instaladas (no meio do rio, na parte central da hidrelétrica). Esta etapa será executada onde hoje é o canal central do Rio Madeira. Para permitir o trabalho nesse local, serão erguidas outras ensecadeiras, com dimensões maiores que as executadas anteriormente.
De setembro do ano passado até junho, importantes etapas do projeto foram concluídas, como a construção das ensecadeiras na margem direita, permitindo avanço expressivo nas escavações em rocha e solo. No total acumulado, até o final de maio foram escavados aproximadamente 1,5 milhão m³ de rocha e 1,7 milhão m³ de argila. Na margem esquerda, já teve início o funcionamento do refeitório (o da margem direita já está em funcionamento desde abril) e do licenciamento e operação do aterro sanitário.
Além das estruturas principais da hidrelétrica, outras obras serão executadas, como o sistema de transposição de peixes, localizado na margem esquerda do rio e na ilha do Presídio, para que eles possam manter o ciclo anual normal, durante o qual nadam contra a corrente procurando locais para reprodução. Será construído também um interceptor de troncos, na superficie do reservatório localizado à montante das tomadas d’água do circuito de geração. Fixadas por colunas de concreto no leito do rio, esta estrutura impedirá que troncos e outros objetos flutuantes alcancem as turbinas e causem danos. O Rio Madeira é conhecido pelo volume de materiais sólidos em suas águas.
Primeira pá de turbina foi concluída
O Grupo Industrial do Complexo Rio Madeira (Gicom) é formado por seis empresas(Alstom, Andritz VaTech Hydro, Areva, Bardella e Siemens) e é responsável pela fabricação, transporte, comissionamento e teste dos equipamentos e do sistema de transmissão de uso restrito da hidrelétrica. O fornecimento prevê 19 turbinas entregues pela Alstom, 13 unidades fabricadas pela Voith-Siemens e 12 por conta da Andritz. O fornecimento de equipamentos abrange, além das turbinas, geradores
, transformadores, reguladores de velocidade da turbina, e sistema de excitação da turbina, guindastes hidromecânicos (usado para montagem e manutenção da UHE), entre outros.
A fabricação das turbinas bulbo segue em ritmo acelerado e a primeira pá de uma das 44 turbinas ficou pronta em julho. Serão usadas 24 turbinas com quatro pás e 20 com cinco pás – cada uma dessas estruturas tem, aproximadamente, 7,5 m de altura. O primeiro modelo com quatro pás é mais eficiente durante os períodos de alta vazão do Rio Madeira (período de cheia), enquanto a turbina de cinco pás tem melhor rendimento durante os períodos em que o rio está em período de seca.
Seguro em dia
No final de junho ocorreu a entrega do chamado tombstone, que celebra a emissão das apólices de seguro garantia do projeto da UHE Santo Antônio, com valor total de R$ 2,4 bilhões. A peça comemorativa marca a conclusão do programa de seguro garantia (fiel cumprimento / adiantamento de pagamento), cujo objetivo é garantir as obrigações assumidas pelo Consórcio Civil Santo Antônio (CCSA) perante a Santo Antônio Energia por força do contrato firmado entre as partes.
As apólices de Seguro Garantia foram emitidas por um consórcio de seguradores formados pela AIU, Itaú, Zurich, Cescebrasil e J.Malucelli, e constituem a maior garantia emitida por meio de seguros no mundo.
Curiosidades sobre Sa nto Antônio
- Será a sexta maior usina do Brasil em potência instalada (atrás de Itaipu, Tucuruí, Ilha Solteira, Jirau e Xingó), e a terceira em energia assegurada;
- A energia elétrica produzida anualmente equivale a 4,3% do total gerado no País em 2007;
- Sua geração será suficiente para suprir a necessidade de 11 milhões de brasileiros (considerando o consumo médio no País), o que equivale à população da cidade de São Paulo;
- As 44 turbinas bulbo da usina hidrelétrica são consideradas as maiores do mundo com essa tecnologia;
- A quantidade de ferro usado na construção da usina (138 mil t) daria para construir 18 torres Eiffel;
- Consumirá cimento suficiente para erguer
37 estádios do Maracanã.
Planejamento da obra
1ª etapa – O Rio Madeira permanece nasua calha principal e, com auxílio de ensecadeiras, é iniciada a construção das obras de concreto: vertedouro (estrutura por onde passará o excesso de água do reservatório durante o período de cheias) na margem direita e tomada d’água/casa de força na margem esquerda.
2ª etapa – Desvio do rio pelo vertedouro principal, com todos os vãos com soleira rebaixada. Prosseguimento das obras do conjunto tomadas d’água/casa de força.
3ª etapa – Rio Madeira escoando pelos vãos construídos do vertedouro principal e parcialmente pelas tomada d’água/casa de força. Término das obras do leito do rio e sequência da geração comercial.
Fonte: Santo Antônio Energia
Fonte: Estadão