O efeito contaminante das maçãs podres

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Joseph Young

Na Grécia antiga, havia uma prática de se enviar ao degredo, em alguma região remota, o político demagogo ou responsável pela apresentação de projetos votados em interesse próprio. Foi daí que se originou e se difundiu o termo ostracismo.
Inspirados nessa história, propomos que a sociedade reúna mais de 1milhão de assinaturas para dar entrada, no Congresso, a um projeto de lei popular sugerindo a destituição, sumária, de administradores apontados como relapsos e acusados de terem praticado algum ato lesivo ao patrimônio público. O acusado seria afastado para o processamento das investigações sob a responsabilidade do Ministério Publico. Se provada a inocência, ele seria de imediato reconduzido ao cargo.
Outro dispositivo, deste mesmo projeto lei, tornaria imprescritíveis crimes lesivos ao Tesouro e outros delitos ali previstos. Enquanto perdurassem as investigações para apuração cabal de todos os fatos, o político ou o administrador objeto da ação investigatória estaria inelegível.
Esta, em nosso entendimento, seria uma forma efetiva, colocada à disposição da sociedade, para ela repudiar e condenar espetáculo como ao que assistimos hoje, protagonizado pelo governo da presidente Dilma Rousseff, quando seis ministros já foram colocados para fora do cargo, acusados de ilicitudes, e outros continuam, digamos assim, na marca do pênalti. Onze governadores também estão ameaçados de perder seus mandatos por atos ilegais praticados durante as eleições. E, além desses exemplos, podemos ainda perguntar: Quantos membros do Parlamento têm ficha suja e continuam participando as sessões?
A sociedade brasileira precisa dar um basta, mesmo que a esquerda esteja envergonhada e silenciosa, a direita intrigada mas inerte, e a oposição absolutamente sem propostas alternativas de governo, pois a prioridade, para esses políticos, agora, são as próximas eleições municipais, com desdobramentos para os certames seguintes para os governos estaduais e a presidência.
Na verdade, a política deixou de ser uma atividade pelo bem público, mas uma corrida por “empregos” muito bem remunerados. Os eleitos esquecem prontamente o que prometeram no palanque, e passam a cuidar dos interesses pecuniários imediatos. Lembremo-nos daquele vereador que, tão logo foi eleito, agradeceu publicamente a seus eleitores pela oportunidade que estes lhe deram de poder se hospedar nos melhores hotéis e viajar à vontade por conta da lambança do erário público.
Os políticos não estão preocupados com um possível vexame na realização da Copa do Mundo de 2014 e da Olimpíada de 2016. Visam apenas ao poder e ao lucro que poderão auferir com os dois eventos globais. As maçãs podres têm um grande poder de contaminação. Ou a sociedade acaba com elas, ou elas vão acabar com a oportunidade histórica de o País se transformar, com estes dois megaeventos, no líder dos países emergentes, em condições de se contrapor à influência da China no cenário global.

Fonte: Padrão


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