A ligação Osório-Porto Alegre, inaugurada em 26 de setembro de 1973, faz parte da BR 290 entre os kms zero e 112. Antes de sua construção, a única ligação direta das regiões central, sul, oeste e região metropolitana da capital com o litoral norte se dava pela RS-030, que com sua pista simples e bastante sinuosa, já não suportava, àquela época, o tráfego cada vez mais intenso e perigoso, que mesclava veículos de passeio, ônibus e caminhões. Por ali, também, entravam e saíam do Rio Grande do Sul as principais cargas transportadas pelo modal rodoviário.
Os primeiros 96,6 km da BR 290, iniciados em Osório, eram dotados de duas pistas de sentidos opostos separadas por canteiro central e duas faixas de rolamento em cada sentido. Essa rodovia foi uma das obras que marcaram o ciclo dos governos militares.
Dois meses depois de entregue aos usuários, iniciou-se a cobrança de pedágio pelo governo. Após dois anos de uso, o asfalto começou a apresentar problemas e os valores arrecadados com o pedágio se tornaram insuficientes para mantê-la. A cobrança foi extinta em 1989, quando começou a funcionar a Área de Livre Comércio, o Mercosul, do qual o Rio Grande do Sul era o principal corredor de escoamento de produtos procedentes da Argentina. A BR 290, a partir de Uruguaiana, seria rota principal, interligando-se, mais adiante, com as BR’s 116 e 101, esta, margeando o litoral norte até Santa Catarina.
As dificuldades para manutenção da malha rodoviária no Sul perduraram até a criação, em 1994, do Programa de Concessão Rodoviária, do governo federal, no qual a ligação Osório–Porto Alegre foi incluída. Em 4 de julho de 1997, as construtoras Triunfo, de São Paulo, e a SBS, de Porto Alegre, ganharam a licitação de concessão e criaram oficialmente a empresa Concepa, Concessionária da Rodovia Osório-Porto Alegre S/A, que passou a administrar a rodovia por um período de 20 anos.
Com o reinício da cobrança de pedágio, no final daquele ano, a rodovia teve suas pistas acrescidas de mais uma faixa de rolamento. São, atualmente, três vias em cada sentido, além de uma série de melhoramentos e aperfeiçoamentos que a tornaram uma das sete rodovias mais seguras e com melhores condições de tráfego do País. Na via circulam em média 30 mil veículos/dia somando o fluxo das praças de pedágio de Eldorado do Sul, Gravataí e Santo Antônio da Patrulha.
A construção das obras de ampliação do trecho entre a Av. Brasil e a Av. Castello Branco com quase 12 km no perímetro urbano de Porto Alegre, foi realizada entre os anos de 1998 e 1999. Após essa construção, a rodovia ficou com sua configuração definitiva: três faixas de rolamento de 3,75 m de largura, faixa de segurança interna com 2 m e acostamento externo com 3 m. Foram utilizadas diversas técnicas de pavimentação ao longo dos 11 anos da concessão.
Entre elas o revestimento em asfalto convencional, reciclagem de cimento, pavimento de cimento Portland, revestimento em asfalto borracha e recentemente revestimento em asfalto com polímero.
Atualmente, a Concepa constrói a quarta faixa da rodovia e amplia de 12 m de largura para 16,25 m cada pista, incluindo o acostamento no lado esquerdo. A ampliação da rodovia está 100% concluída no sentido litoral-capital e 60% no sentido capital-litoral. De acordo com a concessionária, as obras estão previstas para serem concluídas até fevereiro de 2011. Juntamente com a Osório-Porto Alegre, a Concepa administra também o trecho entre os kms 291 e 301 da BR116.
A ponte sobre o Guaíba
O que mais chama atenção na área da concessão da Concepa, além das pistas e do conforto da Free Way Osório–Porto Alegre, é a obra de arte construída sobre o rio Guaíba, que foi inaugurada em 28 de dezembro de 1958.
O grande diferencial da ponte, que completa 50 anos em 2008, é o avanço tecnológico do projeto.
Considerado único na América Latina, o vão móvel eleva um trecho de pista de 58 m de extensão (toda ponte tem 1,1 km) e 400 t de peso a uma altura de 24 m (cada torre tem 43 m até a base, sob a água). Este recurso foi utilizado em função do tráfego de petroleiros que subiam o rio Gravataí (ainda sobem, até o terminal da Petrobras) e, posteriormente, também para passagem dos navios que se dirigem ao Pólo Petroquímico de Triunfo.
O projeto dessa obra de arte foi elaborado na Alemanha e remetido ao Laboratório Dauphinois d’Hidraulique, em Grenoble, na França, à época um dos melhores do mundo em hidráulica. Lá, foi montado um modelo do Delta do Guaíba no chão de um pavilhão medindo 30m por 40m, reproduzindo, inclusive, a inundação de 1941, e os possíveis efeitos de uma nova cheia à Ponte, à cidade de Porto Alegre e regiões insulares.
Foi a maior obra de engenharia feita no País até então e a primeira ponte do Brasil em concreto protendido – que em vez de usar ferros, como o concreto armado, usa aços especiais que comprimem o concreto, permitindo vãos maiores. Por mérito dos projetistas alemães, foi calculado que em 35 anos o movimento exigiria sua duplicação. Foi então construída já com o dobro da capacidade de tráfego, demandando oito anos de trabalho. O governo federal liberou os recursos para que o Departamento Autônomo de Estadas e Rodagens (Daer) administrasse a obra, cujos trabalhos ficaram a cargo da construtora porto-alegrense Azevedo, Bastian e Castilhos (ABC), ainda hoje em atividade. Foi necessária a mão-de-obra de 3,5 mil trabalhadores.
Fonte: Estadão