Polo acelera diversificação industrial

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A estratégia é buscar ciclos produtivos completos dentro do complexo. São previstos R$ 7 bilhões de investimentos até 2015
Nara Faria

Com 34 anos de atividades e reconhecido como o maior complexo industrial do Hemisfério Sul, o Polo de Camaçari, localizado no município de mesmo nome, a cerca de 50 km da capital Salvador (BA), busca a hegemonia das variadas cadeias produtivas para, desta forma, consolidar sua trajetória de diversificação.

“Existe um custo quando eu mando a matéria-prima e depois existe outro custo quando eu trago o produto acabado. O que buscamos são as oportunidades para colocar todas as empresas para formar o ciclo produtor completo dentro do complexo”, explica o superintendente geral do Comitê de Fomento Industrial de Camaçari (Cofic), Mauro Pereira.

Exemplo desta estratégia pela integração é a instalação da unidade de ácido acrílico da Basf, da qual a Kimberly-Clark, também em fase de implantação, utilizará matéria-prima para fabricar fraldas descartáveis e produtos de higiene pessoal.

“A fábrica da Basf será a primeira de ácido acrílico e superabsorventes da América do Sul, o que permitirá a substituição das atuais importações”, explicou Holger Herbst, diretor de operações do projeto do Complexo Acrílico da Basf em evento recente.

A fábrica encontra-se em fase de construção. O gerenciamento do trabalho está a cargo da WorleyParsons e o início da operação será no último trimestre de 2014. O investimento total no projeto é de € 500 milhões (cerca de R$ 1,3 bilhão).

Outro exemplo deste processo de integração é a produção de motores pela Ford, um dos principais projetos em implantação no complexo e que terá investimento de R$ 400 milhões. A marca norte-americana já possui uma montadora no complexo há mais de dez anos. A fábrica trabalhará em conjunto com a fabricante de pneus Bridgestone. Estas empresas, em conjunto com a Continental, fortalecem a fabricação de veículos na região.

No mesmo setor, a chinesa JAC Motors também fará uma fábrica em Camaçari, vizinha à Ford. A nova planta contará com um investimento de R$ 900 milhões, com capacidade para 100.000 veículos por ano, além de gerar cerca de 3.500 empregos diretos e 10.000 indiretos.

Atualmente, são mais de 90 empresas operando no polo, nos segmentos químico/petroquímico, automotivo, têxtil, metalurgia do cobre, fertilizantes, celulose, bebidas, serviços e energia eólica.

Estima-se que os novos investimentos no Polo de Camaçari deverão ultrapassar os US$ 7 bilhões até 2015.

A consolidação ambiental da área, localização geográfica e incentivos fiscais devem servir de motor para esse crescimento. Nos últimos anos, a prefeitura de Camaçari lançou mão de incentivos fiscais para atrair todos esses projetos. O município concede isenção do Imposto sobre Serviços (ISS), além de uma redução de até 50% no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) na etapa de construção da fábrica, dependendo do número de empregos que o projeto vai gerar.

No compasso de espera

Essa esperada diversificação da cadeia produtiva demandará um grande crescimento do espaço físico para abrigar as empresas entrantes. Para tanto, o superintendente geral do Cofic, Mauro Pereira, afirma que o objetivo é duplicar a área do porto.

Planta do projeto da fábrica da JAC Motors

“Em 2010 foi reservada uma área desabitada de aproximadamente 200 km² e que duplica o que temos hoje. Para ocupar esta área vem sendo realizado um trabalho estratégico, que deve comportar o crescimento nos próximos 50 anos”, explica o superintendente.

Apesar de considerar a evolução da integração, melhorias nos acessos ao porto e a expectativa pela duplicação da área portuária, Pereira afirma que até o momento não houve “grande evolução” na infraestrutura portuária. “Não citaria, das obras em andamento hoje, alguma que fosse considerável em termos de modernização da infraestrutura do porto”, explica. “Se houve uma melhora, não está na escala que gostaríamos”, completa.

Segundo ele, a questão principal para o desenvolvimento do complexo é a decisão do governo sobre o marco regulatório para os portos. “Desde dezembro passado vivemos uma angústia em cima disso. O tempo está passando”, reclama.

Camaçari em números:

Investimento total: US$ 16 bilhões
Faturamento: US$ 16 bilhões
Exportações: 30% do total do estado
Impostos: R$ 1 bilhão/ano em ICMS (BA)
Investimentos: US$ 7 bilhões até 2015
Representação econômica: 20% do PIB estadual
Capacidade instalada: superior a 12 milhões de t/ano de produtos químicos
e petroquímicos; 240 mil t/ano de cobre eletrolítico e 250 mil veículos/ano
Geração de emprego: 15.000 diretos e 30.000 indiretos

Fonte: Revista O Empreiteiro


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