Acompanho com ceticismo essa história do Rio+20, rótulo da Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável. É que, para acreditar um pouco nessa história, teria de ver alguns de seus postulados praticados em casa. Invariavelmente, não é isso o que acontece. Temos muita teoria. Na prática, tudo desaba como um castelo de cartas.
Os desastres ambientais no País se acumulam. São desastres menores e maiores. Mas todos eles vão se avolumando em prejuízo das cidades e do campo. No conjunto, colocam o cidadão contra a parede, causando-lhe danos à saúde e comprometendo rios, lagos, baías, centros urbanos e, a periferia, nem se fala.
Em São Paulo, todos os córregos são canais de esgoto, grande parte, a céu aberto. E o Canal do rio Pinheiros é o maior exemplo, entre nós, do que uma cidade pode fazer para liquidar um bem natural. Se olharmos para outras cidades, vamos verificar que nem sequer é necessário dar dois passos sem ter pela frente um delito ambiental.
Apesar do desenvolvimento científico em múltiplas áreas, ainda não se encontrou solução adequada para se evitar que os dejetos domésticos sigam por caminhos inadequados até o destino final, que também é inadequado. Inventaram os emissários, que os levam rios e mar adentro. Um crime inaceitável. E as estações de tratamento custam um dinheirão que muitas administrações públicas se recusam a fazer ou não têm recursos para fazer.
Acaso, nessa história, os países absolutamente industrializados estariam decididos a bancar a melhoria do meio ambiente nos países chamados emergentes, que eles consideram o quintal ou o porão de suas casas?
Há uma proposta dos países em desenvolvimento da criação de um fundo de US$ 30 bilhões para o “desenvolvimento sustentável”. Mas o dinheiro, para esse fundo, seria providenciado pelos países desenvolvidos. Mas aí está a raiz do problema. Os países desenvolvidos não irão colocar dinheiro nesse fundo sem alguma contrapartida. E, qual poderia ser essa contrapartida? – O sorriso do secretário-geral da Rio+20, Sha Zukang, diz tudo. Ele sabe que não há almoço de graça.
Fonte: Nildo Carlos Oliveira