SOS SP

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A questão das enchentes em São Paulo continua um problema antigo e sem soluções a médio prazo. A então prefeita Marta Suplicy (gestão 2000 a 2004) chegou a efetuar um programa de mapeamento da rede de micro-drenagem, que não avaliou mais do que ¼ da situação. “Mas não adianta identificar, avaliar e até efetuar a limpeza, sem executar as intervenções necessárias, pois as redes ficam assoreadas rapidamente. Um programa de limpeza, filmagem, diagnóstico e intervenção, permitiria a correção do problema.


Quando realizado de maneira desordenada, os resultados são incipientes”, diz Sérgio Palazzo, diretor da Sotenco, empresa especializa em serviços subterrâneos. Segundo Pallazo, as juntas defeituosas, as redes muito antigas, ligações clandestinas e galerias obsoletas são o ponto problemático do sistema de micro-drenagem da cidade. “A solução depende de vários fatores e ações”, diz lembrando de um episódio ocorrido durante a gestão do prefeito Olavo Setúbal (de 1975 a 1979). “Assim como os demais que se seguiram, Setúbal assumiu a prefeitura em meio ao período mais intenso de chuvas do ano.


Em entrevista, na época, destacou que a cidade tinha 20 mil km de córregos para serem canalizados, o que ajudaria muito para o fim das enchentes. Mas, como a capacidade do município era canalizar 1000 km por ano, somente se todos as administrações cumprissem essa meta, o problema poderia ser solucionado dali a 20 anos. Esse período já passou e pouco se fez até aqui”, comenta Pallazo. De acordo com o secretário Andrea Matarazzo, da Coordenação das Subprefeituras, a prefeitura investiu no total R$75 milhões na manutenção do sistema de drenagem, compreendendo a limpeza de bocas-de-lobo, bueiros, galerias, córregos e piscinões. “Foi mais que as gestões anteriores”, disse em entrevista ao jornal Folha de São Paulo. Esses recursos foram aplicados também na remoção de famílias moradores em áreas de risco.


Dentre os problemas que afetam a drenagem da cidade, estão o costume da população de jogar lixo na rua e a ocorrência de chuvas torrenciais. A impermeabilização do pavimento também agrava a situação, assim como o crescimento urbano desordenado, que faz com que as galerias fiquem defasadas e sem dimensionamento para receber as águas pluviais dessa época do ano. “As reformas das galerias não podem ser feitas de um dia para o outro.
Os investimentos são grandes e têm que ser aplicados ao longo dos anos”, disse o secretário. A principal ação da prefeitura contempla ações para ampliar a vazão da Bacia do Anhangabaú, que atende apenas a 40% da demanda atualmente, e é considerada ponto crítico da cidade.


Serão executadas novas galerias e bocas-de-lobo na região da avenida 23 de Maio, que devem retirar até 15% do volume de água da bacia.


Os investimentos são de R$ 4 milhões. As obras irão modernizar a capacidade do córrego Moringuinho, que passa sob a avenida 23 de Maio. Canalizado na década de 1930, ele ainda possui arcos em tijolos. O projeto atual prevê a construção de duas novas galerias – uma sob o canteiro da avenida 23 de Maio (na altura do viaduto Jaceguai) e a outra sob a rua dos Estudantes (reforçando uma galeria já existente).


Em paralelo estão previstas a instalação de seis bocas de lobo, que também devem ajudar na drenagem da 23 de Maio. Serão quatro bocas-de-lobo triplas nas altura do viaduto Jaceguai e outras três bocas-de-lobo triplas na rua da Assembléia. Mas a melhoria da drenagem da bacia do Anhangabaú somente deverá ser completada com intervenções nos outros córregos, o da Saracura – que sai da avenida Paulista e passa sob a avenida 9 de Julho – e o Bixiga, que passa sob a Câmara Municipal.


A galeria do córrego Moringuinho também recebe as águas do córrego Itororó, um dos três principais formadores da Bacia do Anhangabaú. No entanto, essas obras estão previstas como parte de um projeto maior de implantação de uma galeria que sairá da praça 14 Bis, na Bela Vista, devendo seguir até a altura da praça das Bandeiras, quando um túnel de derivação se encarregará de levar as águas ao rio Tamanduateí. Ainda em estudos, seu custo está estimado é de R$ 40 milhões. Segundo Sérgio Pallazo, diversas tecnologias estão disponíveis para a execução desses trabalhos, reduzindo o quanto possível o impacto das obras na superfície.


Uma delas é o Método Não-Destrutivo (MND), ou seja a lavagem das redes com equipamentos de hidrojateamento, assim como a filmagem das mesmas para identificação dos problemas e execução de intervenções localizadas. No exterior outros sistemas mais avançados já estão sendo empregados e a expectativa de Pallazo é de que em breve também estejam disponíveis no Brasil.
Fonte: Estadão


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