Novo terminal promete atendimento de primeira qualidade ao passageiro
Nova estrutura terá sistemas automatizados para manuseiode bagagens; a capacidade inicial é para 12 milhõesde passageiros ao ano
Guilherme Azevedo
O novo terminal de passageiros do Aeroporto Internacional de Guarulhos, SP (Governador André Franco Montoro) já tem data de inauguração marcada: 11 de maio. É a principal estrutura do conjunto de obras de ampliação e melhorias no aeródromo, prometido pela concessionária para a Copa do Mundo de futebol no Brasil. Exclusivo para voos e conexões internacionais, o novo terminal terá 192 mil m2 de área construída, mais amplo que a soma dos outros três terminais, 1, 2 e 4, e com capacidade para atender a 12 milhões de passageiros ao ano, inicialmente.
Em janeiro, as obras do T3 alcançaram 90% de execução e encontram-se agora em fase de acabamentos, sob a responsabilidade geral da construtora OAS, que constitui, com fundos de pensão e a ACSA, Airports Company South Africa, o grupo concessionário do aeródromo. A concessão tem duração de 20 anos e foi vencida em leilão realizado em fevereiro de 2012, por lance de R$ 16,213 bilhões (ágio de 373%). O canteiro em Guarulhos hoje emprega cerca de 8 mil trabalhadores, divididos em três turnos de oito horas, todos os dias da semana, sem paradas.
Fernando Sellos, diretor comercial
Uma das etapas finais para a entrega do terminal é a de instalação dos sistemas automatizados de bagagem, fornecidos pela holandesa Vanderlande. É um dos itens importantes de modernização da estrutura aeroportuária local. Amplia a fiscalização e, por consequência, a segurança, uma vez que as bagagens serão submetidas, se necessário, ao segundo equipamento de raio X e até a um tomógrafo, como prescrevem normas internacionais; hoje só há um único sistema de raio X disponível. O novo sistema também promete dinamizar o transporte de bagagens, pois serão acompanhadas, em todo o trajeto, por leitores automáticos de código de barras nas etiquetas, que cuidam do apropriado encaminhamento. Dispõe de 27 esteiras rolantes e, em síntese, reduzirá a manipulação humana. Outro ganho advém da abrangência do check-in, que poderá ser feito com até dez horas de antecedência, em 180 balcões. A capacidade projetada de processamento é de 5 mil malas por hora. Características que devem contribuir para melhorar a experiência do passageiro, com economia de tempo.
O T3 terá também estrutura com 21 escadas rolantes, 53 elevadores e cerca de 100 operações comerciais, como restaurantes e lojas, entre elas, uma loja Dufry com 5 mil m2, a maior do aeroporto. No interior do novo terminal, na área restrita a passageiros internacionais, antes do controle da imigração, haverá hotel de categoria quatro estrelas e 50 quartos, com a bandeira Wyndham Grand Collection, da operadora norte-americana Wyndham Worldwide. O projeto faz parte de acordo firmado entre a concessionária de Guarulhos e a VCI – joint venture formada pelas empresas FISA e Valor Finanças Corporativas. Programado para receber turistas para a Copa, o hotel está sendo construído pela Skipton, incorporadora de Curitiba (PR).
“Teremos um terminal digno de um aeroporto desse porte. Eficiente e muito mais automatizado. Um novo paradigma de infraestrutura”, promete Fernando Sellos, diretor comercial da concessionária de Guarulhos. Um outro hotel com a mesma bandeira, mas na parte externa do terminal, terá 350 quartos distribuídos por oito andares e categoria quatro estrelas. Deve começar a ser construído em maio próximo, para entrega no primeiro trimestre de 2016.
Outra frente de obras importante em execução é a do pátio de aeronaves, contíguo ao T3, que terá 34 posições de estacionamento de aeronaves e 20 pontes de embarque (fingers). A expectativa é concluí-lo em março ou, no máximo, em abril. O cronograma estabelece ainda as seguintes entregas: este mês (fevereiro), conclusão dos acessos viários e da fachada e cobertura do novo terminal; e em março, finalização da fachada do píer (onde se conectam as pontes de embarque). O edifício-garagem que atenderá ao terminal, com 84 mil m2 de área construída, oito andares e 2.644 vagas de estacionamento, está pronto e operante desde maio do ano passado.
Preparação
A entrada em atividade do T3, envolvendo todas as novidades em termos de processos e equipamentos, é tarefa que exige planejamento e testes operacionais. Em janeiro, para tanto, teve início a fase de apresentação dos sistemas para funcionários, empresas de aviação e acionistas. Em março começa a simulação efetiva da operação de embarque e desembarque de passageiros, com um contingente estimado em 5 mil pessoas. Serão testes realizados às terças e quintas-feiras, durante dois meses. “É um procedimento para garantir a eficácia na operação”, pontua o diretor comercial do aeroporto.
Do ponto de vista financeiro, Fernando Sellos sublinha que já houve avanço desde que a iniciativa privada assumiu efetivamente o controle da gestão do aeroporto em fevereiro de 2013. Nas contas do concessionário, cerca de 40 lojas novas foram abertas, elevando para aproximadamente 170 o total de opções de lazer e serviços ao passageiro. A receita obtida com a parte não tarifária (exploração comercial) empatou com a tarifária (advinda das taxas de embarque e desembarque e de pousos e decolagens), 50% para cada uma das fontes. Valor que se aproxima da realidade dos aeroportos europeus, de 40% de receita tarifária contra 60% de não tarifária, a meta para Guarulhos, afirma Sellos.
Avaliação ruim
O Aeroporto Internacional de Guarulhos é o maior do Brasil em movimentação de passageiros. Em 2013, foram transportados 36,041 milhões de pessoas, contra 32,777 milhões em 2012 (aumento de cerca de 10%). Movimento, portanto, muito acima da capacidade, projetado atualmente para atender a 25 milhões de passageiros/ano. Decerto como consequência da saturação, o terminal aeroportuário segue mal avaliado pelos passageiros, conforme pesquisa recente da Secretaria de Aviação Ci
vil da Presidência da República, referente ao quarto trimestre do ano passado. Entre os 15 aeroportos mais importantes do Brasil, o de Guarulhos caiu para último no ranking da percepção do passageiro. Sua média geral é de 3,31 (num máximo possível de 5). Insatisfação que os investimentos tentarão reverter.
Fonte: Revista O Empreiteiro