O engenheiro João Márcio Lignani Siqueira (Crea 6114-D 4ª Região), diz que a notícia da concessão é significativa, mas que está preocupado com as especificações técnicas do edital. Por isso, enviou à ANTT um estudo, chamando a atenção para alguns aspectos das exigências que deverão ser cumpridas pela futura concessionária.
Ele diz que nada tem lido, nas propostas para melhoria do traçado da BR-040, sobre a qualidade da “nova estrada”, de suas características geométricas e do dimensionamento do pavimento, destacando que esses aspectos são básicos para os futuros projetos de melhoria. Afirma que o tráfego ao longo da BR-040 não para de aumentar e que as obras de duplicação, que devem se prolongar durante cinco anos, devem levar em conta que a rodovia é dinâmica. Assim, as obras precisam ser compatíveis com o aumento da demanda.
“No curso de engenharia, na universidade”, argumenta o engenheiro, “aprendemos que ao projetar uma estrada, deve-se definir, como premissa, os pontos obrigatórios de passagem, proximidade de cidades, acessos etc. E, que, quando se faz uma nova estrada, cuidando da duplicação e de outras melhorias, deve-se levar em conta o traçado já existente, como é o caso da BR-040, atentando-se para pontos obrigatórios de não passagem ou os pontos de intervenção especial”.
Ele enfatiza que no trecho Belo Horizonte-Juiz de Fora há muitos quebra-molas e radares impondo limite de velocidade de 60 km/h, às vezes chegando a 50 km/h e até 30 km/h, como é o caso do trevo de acesso aos municípios de Santos Dumont e Ewbanck da Câmara.
“Para uma rodovia de primeira classe acredito que todas aquelas interferências são, no mínimo, pontos de intervenção especial ou mesmo pontos obrigatórios de não passagem. Considerando locais mais relevantes, é de supor que o edital preveja novos contornos para as cidades de Conselheiro Lafaiete, Santos Dumont, Ewbanck da Câmara e Congonhas. E em outras, como Carandaí, a construção de trevos com viadutos”.
Ele salienta que tanto para aquelas como para outras obras essenciais, como o recente acesso ao novo Viaduto das Almas, a qualidade deve ser uma exigência explícita do edital. Cita também o caso do trecho Trevo de Ouro Preto-Conselheiro Lafaiete, que precisa ser duplicado com prioridade. Ali se faz necessária a construção de terceiras faixas nos dois sentidos, sobretudo na proximidade do Viaduto das Almas. É também preciso que sejam instaladas balanças e adotados cuidados especiais no dimensionamento do pavimento, por conta do tráfego de caminhões de minérios. São obras que, segundo o engenheiro, não podem ficar para segundo plano. Ficam aqui, portanto, as recomendações que ele faz.
Fonte: Revista O Empreiteiro