O presidente da Petrobras disse nesta sexta-feira que a companhia está estudando, embora ainda não esteja planejando, uma nova oferta de ações para levantar capital para o desenvolvimento de novos campos de petróleo descobertos.
José Sergio Gabrielli, que falou a jornalistas, não deu mais detalhes sobre a possível oferta.
Dizendo que uma oferta de título poderia também ser possível, Gabrielli apontou que o nível de endividamento em relação à receita é de cerca de 17 por cento, mas poderia subir para 25 ou 30 por cento.
“Estes números são baseados no petróleo a 35 dólares o barril. Da última vez que chequei, o petróleo estava a 115 dólares o barril, então isso nos dá mais alavancagem”, disse.
A Petrobras investiu 1 bilhão de dólares na extração de 20 poços na camada do pré-sal, na costa brasileira, desde 2005, e encontrou grandes quantidades de petróleo leve de boa qualidade e gás natural.
O Banco de Investimentos UBS estimou que os campos de Tupi e Carioca precisam de cerca de 600 bilhões de dólares para seus desenvolvimentos.
A Petrobras tem necessitado, até o momento, de pouco financiamento, pois seu fluxo de caixa é de aproximadamente 104 bilhões de dólares anualmente, disse Gabrielli.
Em seu plano de investimento para 2008-2012, a companhia tem previstos 112,4 bilhões de dólares, mas deverá revisar o número para focar investimentos futuros mais fortes nos campos do pré-sal.
Antonio Carlos Pinto, gerente de concepção de projetos da Petrobras, disse mais cedo a jornalistas que os custos de extração do petróleo em águas profundas poderiam ficar realmente mais atraentes.
“Os custos de extração por barril para a produção piloto, segundo me disseram, estão extremamente econômicos”, afirmou ele. “O principal custo para o pré-sal está na perfuração dos poços. Estamos investindo na redução do tempo e do custo de perfuração.”
O primeiro poço da Petrobras no pré-sal, perfurado em 2005, custou 240 milhões de dólares e levou um ano para ser concluído.
Desde então, a companhia reduziu os custos de perfuração para 60 milhões de dólares por poço, e o tempo de conclusão para 60 dias, principalmente por meio de melhores tecnologias e da maior experiência.
A Petrobras anunciou em novembro uma reserva recuperável de 5 bilhões a 8 bilhões de barris de petróleo no campo de Tupi, na bacia de Santos, maior descoberta em águas profundas na história.
O anúncio e as estimativas sobre uma reserva de 50 bilhões a 70 bilhões de barris de petróleo no pré-sal geraram especulações sobre a possibilidade de o governo assumir um maior controle sobre a riqueza do petróleo.
Algumas autoridades do governo disseram que são favoráveis a uma mudança no modelo de divisão dos ganhos para um sistema similar ao utilizado pela Noruega na extração de petróleo no Mar do Norte.
Costa dos EUA
Em resposta a um pergunta que se referia ao debate sobre a abertura da exploração de áreas da costa dos EUA, Gabrielli disse que acha que os avanços tecnológicos reduziram o risco ambiental da prospecção.
“É um importante debate ambiental, mas você não precisa sacrificar os recursos naturais”, disse. “Avanços tecnológicos nos permitem reduzir o impacto ambiental.”
Ele deu o exemplo da produção e do armazenamento de embarcações atuantes no Golfo do México, onde a empresa tem a concessão da exploração de 320 blocos.
“Eles serão desligáveis dos poços. Se um furacão vier, podemos simplesmente desligar e reduzir os riscos de dano ambiental. O navio simplesmente sairia do caminho da tempestade”.
O debate presidencial dos Estados Unidos tocou em um assunto sensível sobre a abertura da exploração na costa em resposta às altas nos preços do petróleo.
Fonte: Estadão