O novo plano de negócios da Petrobras para o período 2025-2029, anunciado em 21 de novembro, atinge US$ 111 bilhões, o que representa aumento de 9% em relação ao plano atual (2024-2028) de US$ 102 bilhões. Do total projetado, US$ 98 bilhões fazem parte da carteira de projetos em implantação e US$ 13 bilhões da carteira de projetos em avaliação, composta por oportunidades com menor grau de maturidade e sujeitas a estudos adicionais
antes do início da execução.
Do total de investimentos programados, US$ 77 bilhões (69,4%) serão destinados ao segmento de Exploração & Produção (E&P), sendo US$ 7,9 bilhões em exploração. Na exploração, 60% serão voltados para o pré-sal, consolidando uma grande fase de investimentos nesse segmento, reforçando, segundo a Petrobras, seu diferencial competitivo, “por meio de uma produção de petróleo de melhor qualidade, com baixos custos e menores emissões de gases de efeito estufa”, diz comunicado da empresa.
Nos planos da estatal, há projetos de revitalização de campos maduros, como da Bacia de Campos, em áreas como as de Marlim Leste/Sul, Jubarte, Albacora, Barracuda-Caratinga e Raias Manta e Pintada, incluindo elevar a produção de gás. Na Bacia de Pelotas, a Petrobras deve iniciar estudos nos 29 blocos que possui em parceria com outras empresas. Já na Bacia de Santos, serão aplicados investimentos para garantir a produtividade dos principais campos produtores. Para novas bacias, a estatal planeja avançar com os estudos da Margem Equatorial, que vai do litoral do Amapá ao Rio Grande do Norte. A companhia aguarda aval do Ibama para iniciar a primeira perfuração na Bacia da Foz do Amazonas, no litoral do Amapá, e se comprometeu a atender a todas as exigências ambientais a serem determinadas pelo órgão.
Já a área de refino, transporte, comercialização, petroquímica e fertilizantes terá US$ 19,6 bilhões de aportes, um aumento de 17% em relação ao plano anterior. Gás e energias de baixo carbono terão US$ 11 bilhões de recursos e a parte corporativa receberá US$ 3 bilhões. O segmento de refino vai receber aproximadamente US$ 10 bilhões, incluindo aportes na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, que aumentará sua capacidade de produção de 80 mil barris por dia para 130 mil barris diários até o início do próximo ano. Em 2026, a capacidade da Rnest deverá atingir 180 mil barris por dia.
O segmento de biorrefino também será ampliado, sendo um dos principais projetos a construção de uma unidade no Complexo de Energias Boaventura, antigo Comperj, em Itaboraí (RJ). Nesse complexo está previsto ainda o desenvolvimento de duas usinas termelétricas (UTEs). Por meio do programa de biorrefino, a Petrobras ampliará sua capacidade de produção do Diesel R5 (com 5% de conteúdo renovável), por rota de coprocessamento, integrado com as operações de algumas unidades de seu parque de refino.
Em relação aos biocombustíveis, a Petrobras pretende ampliar a produção de biodiesel e iniciar a produção de bioquerosene de aviação (BioQav/SAF) e Diesel 100% renovável (HVO) via rota HEFA (Hydroprocessed Esters and Fat Acids), além de estudos de ATJ (Alcohol to Jet), rota para produção de SAF por meio do processamento de etanol. Também estão em avaliação projetos de biorrefino em parceria com a Refinaria Riograndense e com a Acelen.
As energias renováveis não foram esquecidas e há indicativo de investimentos de US$ 16,3 bilhões em transição energética, que representa aumento de 42% em relação ao plano anterior. Esse segmento engloba projetos que incluem descarbonização das operações e estudos acerca das oportunidades em usinas de geração renovável on shore (eólica/solar), bioprodutos (etanol, biodiesel e biometano), hidrogênio de baixo carbono e captura, transporte e armazenamento de carbono (CCUS). Está no radar da companhia comprar ativos e entrar em parcerias com outros players. Não há menção sobre eólicas off shore no plano de negócios divulgado.
O setor de fertilizantes também receberá aportes, calculados em US$ 900 milhões. Projetos como a retomada da construção da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados (UFN-III), em Três Lagoas (MS), parada desde 2015, e a reativação da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (ANSA), em Araucária (PR) estão no plano. A unidade paranaense deverá estar operando em 2025 e a de Três Lagoas, até 2028.
Para o período do novo plano de investimentos, a produção da empresa está estimada em 3,2 milhões de barris equivalentes de óleo e gás por dia (boed). A empresa projeta ainda a distribuição de dividendos ordinários entre US$ 45 bilhões e US$ 55 bilhões, com flexibilidade para pagamentos de dividendos extraordinários.
Plano estratégico 2050
Na mesma data do lançamento do plano de negócios, a Petrobras apresentou seu Plano Estratégico 2050. Com o objetivo de reforçar uma visão de longo prazo, a companhia separou o plano em duas peças: o PE 2050, que propõe refletir sobre o futuro do planeta e como a empresa quer ser reconhecida em 2050; e o plano de negócios 2025-2029, com metas de curto e médio prazo.
Assim, o planejamento de longo prazo visa elevar o fornecimento de energia, passando de 4,3 exajoules (EJ), em 2022, para 6,8 EJ em 2050, “mantendo a representatividade da Petrobras em 31% da oferta primária de energia do Brasil, reafirmando a ambição de neutralizar suas emissões operacionais até 2050”, diz comunicado da empresa.