Após completar este ano 35 anos de atividades no Brasil, a Racional Engenharia está se empenhando cada vez mais para superar os desafios que as obras exigem e colocar em prática a experiência adquirida ao longo da sua trajetória. Em novembro, a construtora se prepara para entregar mais uma obra complexa – a ampliação das dependências do Morumbi Shopping, na zona Sul de São Paulo. Outra obra técnica de grande importância na área hospitalar foi a expansão e adequação de um prédio novo no Hospital e Maternidade São Camilo, entregue em dezembro de 2005. Para o diretor da Racional, Pérsio Villa da Silva, as duas edificações são marcos importantes para a construtora. As obras de expansão foram realizadas com os estabelecimentos em pleno funcionamento, sem prejuízo ao público das lojas e ao atendimento médico. Nas obras de ampliação do Morumbi Shopping, a construtora colocou à prova a sua experiência num local de grande visibilidade junto ao público. “É um segmento de obras em que temos muita vivência; já executamos diversos projetos com esse perfil”, afirma. “Não foi muito simples remanejar as redes de utilidades enterradas de um shopping center com 25 anos de existência. O nível de conhecimento por onde passavam as instalações necessitou de uma prospecção completa das concessionárias que abasteciam as mais de 300 lojas no local, antes de se fazer qualquer tipo de intervenção. Caso contrário, elas corriam o risco de ficar sem telefone, energia, gás e com o perigo de sérios acidentes. Com o isolamento e cuidado redobrado com a segurança, foi possível desenvolvermos soluções construtivas através de blocos binários, vigas-alavanca, pórticos estruturais e estudos logísticos para minimizar os riscos envolvidos”, revela Pérsio Villa. O segundo passo na obra foi a transferência das redes das concessionárias, que levou cerca de oito meses, durante os quais foi desenvolvida uma logística de modernização e ampliação – upgrade – incorporando as tecnologias mais modernas disponíveis no mercado. A rede telefônica foi trocada por cabos ópticos, o gás passou a ser monitorado, o abastecimento de água também foi ampliado, a rede de energia foi modernizada, subestações modificadas e as chaves de transferência substituídas. A Racional teve de minimizar o impacto das obras nas lojas em funcionamento e na rotina do shopping. Para isso, desenvolveu um projeto para a montagem, em 90 dias, dos 35 mil m² de estrutura em concreto pré-moldado, fabricada na central de pré-moldados fora do canteiro de obras, incluindo pilares, vigas e lajes. “A vantagem é que o processo de montagem foi feito com muito menos ruído, menos impacto ao trânsito e à rotina do shopping”, aponta o diretor. Visando à manutenção dos acessos do público ao shopping, o planejamento construtivo contemplou a execução de finger de acesso permanente, preservando o acesso do público. O granito da fachada, instalado há anos, foi recuperado. Todas as pedras foram retiradas, numeradas, passaram por um polimento, repaginadas e remontadas na mesma posição – como na fachada original. A logística de infra-estrutura para os lojistas montarem suas lojas também mereceu atenção da construtora. Na ampliação do shopping, 80 novas lojas farão parte do estabelecimento. “São 80 obras a serem executadas pelos lojistas em paralelo com as obras de expansão, exigindo logística detalhada de acessos, transporte de materiais, suprimento de água e energia, retirada de entulho, fundamental neste tipo de empreendimento”, afirma Pérsio Villa. A demolição de uma rampa como parte da ampliação foi uma operação de guerra – o seu remanejamento necessitou de uma logística cuidadosa para que a construção da nova rampa fosse executada junto à antiga. “A nova rampa conta com um sistema misto, parte moldada in loco e parte removível, com vigas metálicas e lajes pré-moldadas. Tivemos uma semana para demolir a rampa existente e construir o tramo removível de interligação, sem interferir no tráfego local”, comemora ele. Sistemas de ar-condicionado abastecidos com central de água gelada e distribuição individual a cada loja, back-up de energia através de sistema de geração central e de distribuição de energia através de barramento energizado – são algumas das novidades tecnológicas implantadas no shopping. “Um projeto desta natureza tem de levar em consideração a necessidade de upgrades tecnológicos e adequações do mix das lojas ao longo da vida do empreendimento”, afirma Pérsio Villa.
Uso pioneiro de piso de madeira
O piso do mall (área de circulação) do Morumbi Shopping tem um grande diferencial – pela primeira vez, foi instalado um piso de madeira maciça pré-fabricado para alto tráfego, uma inovação no mercado. São mais de três mil m² de piso em madeira, que exigiram cuidados especiais na seleção da madeira, no tratamento superficial com sete camadas de acabamento, para que não ocorra empenamento, além do monitoramento da uniformidade de tonalidade e cuidados na proteção para o período de obras. O forro interno do local é de gesso acartonado com características decorativas, iluminação indireta e sancas que proporcionam uma estética arquitetônica diferenciada. Dezesseis meses foram necessários para a conclusão das obras na primeira etapa, que inclui dois andares de lojas e quatro de garagem. A segunda etapa do empreendimento consiste em uma torre comercial, cuja estrutura e fechamento externo em alvenaria foram executados junto com o shopping. Em 12 meses e até o final de 2007, a torre comercial deverá ser acabada e inaugurada. As salas estão em fase de comercialização bem avançadas.
Hospital funcionou normalmente
A expansão do Hospital São Camilo consistiu em construir uma torre nova encravada em três das edificações laterais, contígua ao estabelecimento existente. Os quesitos barulho controlado, poeira e logística de acesso de materiais demonstraram que não seria uma obra simples. “É preciso levar em consideração que o nosso vizinho é o próprio cliente e com operação crítica. Toda a logística e o planejamento da obra foram desenvolvidos de forma a minimizar o impacto ao hospital”, afirma Pérsio Villa. Outras medidas, como isolamento acústico das janelas, controle do nível de ruído dos equipamentos utilizados e distribuição de materiais através de equipamentos silenciados, foram tomadas pela construtora para que o hospital pudesse trabalhar ininterruptamente durante os 16 meses exigidos pela obra. Segundo o diretor, junto ao hospital foi construído um prédio novo, desde o subsolo até os últimos pavimentos, interligado ao hospital existente, num total de 17 mil m². Com a
expansão, foram criados 48 leitos – 15 deles para terapia intensiva. A ampliação do complexo prevê ainda a construção de dois outros prédios, elevando o número de leitos para 114 apartamentos (29 leitos para terapia intensiva de adultos, dez para terapia intensiva infantil e seis para neonatal). “A construção das duas outras torres depende das condições do mercado e da velocidade de ocupação completa da torre que entregamos. Hospitais são construções de missão crítica, têm um período de ocupação longo para que sejam feitos com segurança plena”, esclarece. A segunda torre terá as mesmas características da já construída e a terceira será menor, demandando a demolição de um prédio existente. A torre concluída ampliou a capacidade do hospital em todas as especialidades, duplicou a rede de gases medicinais, introduziu um novo centro cirúrgico, UTI, leitos, berçário e centrais de utilidades. Outro aspecto importante é a característica do contrato firmado com o hospital. A Racional foi contratada por uma modalidade denominada Preço Máximo Garantido (PMG), isto é, assumiu os projetos do São Camilo com uma meta de custos mais arrojada. “Nós negociamos a obra com o compromisso de efetuar uma reengenharia dos projetos, para que pudéssemos utilizar nossa experiência no setor, permitindo a otimização dos projetos específicos de estrutura, caixilharia, acústica, vidros, revestimentos, instalações, com o compromisso de redução dos custos de manutenção e garantia de qualidade do produto final”, explica Pérsio Villa.
Novidades tecnológicas fazem parte das instalações
Tratando-se de um hospital, há uma série de aspectos que exigiram estudos, como o sistema acústico. Cem por cento das divisórias internas foram executadas em drywall, requerendo cuidados especiais em função da acústica. “Contratamos uma consultoria especializada e desenvolvemos um estudo determinando níveis de isolamento por tipo de ambiente. Foi muito interessante, porque chegamos a 23 tipos de divisórias em virtude da diversidade de usos”, informa. O redimensionamento e a reestruturação da rede de alimentação elétrica foram um aspecto crucial, pois o hospital precisa de suprimento de energia ininterrupto. Para isso, uma reengenharia de projeto foi realizada, estabelecendo uma nova matriz energética com equipamentos e geradores de última geração. Um back-up 100% garante uma capacidade de energia para atendimento pleno à demanda do hospital, através de um regime ininterrupto com geradores, chaves de transferência, transformadores isoladores com controle de harmônicas e no breaks de última geração. A pré-fabricação foi adotada na montagem dos sanitários e da fachada do hospital. Os sanitários foram reprojetados e fabricados fora do canteiro, recebidos totalmente acabados, somente para transporte e posicionamento na obra, através de grua ou carrinho hidráulico, nivelado e ligado à rede do hospital. Isso permitiu ganho de qualidade e de velocidade, controle completo do processo desde a sua fabricação até a instalação final, sendo ainda pré- testado na fábrica. O processo permite uma redução de desperdícios e custos indiretos, transporte de materiais, estocagem e mão-de-obra de supervisão. Eles foram equipados com vaso sanitário, chuveiro, impermeabilizadores, revestimento cerâmico e iluminação. Também foram executados fora do canteiro os painéis de fachada em concreto pré-moldado, com acabamento branco, montados por grua no local, com mínima interferência de fatores climáticos externos. “Preferimos intensificar a industrialização dos processos, garantindo o controle de qualidade e os prazos das etapas, melhorar onde era possível e deixar de gastar onde era desnecessário”, afirma Pérsio Villa. Os painéis em concreto branco são soldados através de dispositivos metálicos à estrutura do prédio; rejuntados com camadas de silicone especial e fechados em caixilharia de alumínio – em muito casos, com vidro duplo em função da acústica e com micropersianas embutidas, que permitem abertura e fechamento para entrada de luz controlada. Mantas vinílicas importadas foram utilizadas nos pisos dos apartamentos, do centro cirúrgico e da UTI do hospital, sendo eletrossoldadas sem emendas. Sua composição contém antibactericidas para permitir a assepsia e facilitar a manutenção. O mesmo tratamento foi dado à pintura das paredes, em que a tinta também contém antibactericidas em sua composição. Outros itens como bate-macas e cantoneiras fabricadas antes em madeira ou ferro foram substituídos por peças de PVC industrializadas.
Recursos financiados pelo BNDES
Na expansão de suas dependências, o Hospital São Camilo investiu cerca de R$ 30 milhões, com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e, após a conclusão das três fases do projeto, dobrará o número de leitos atuais de 150 para 300. Entre outras melhorias incorporadas está o ar-condicionado com filtro absoluto, o qual além de proporcionar conforto, também tem função de assepsia, fundamental para o controle do nível de partículas e filtragem do centro cirúrgico e da UTI. Outro sistema é o forro em placas removíveis – desenvolvido em conjunto com o hospital, que contou com estudos de viabilidade para todas as áreas críticas, permitindo a implementação de novas tecnologias, modernizar e adaptar novos equipamentos, bem como facilitar a manutenção ao longo da vida útil do prédio. Qualquer hospital necessita de uma operação segura. Para isso, em termos de energia, ar-condicionado e controles de acesso foi instalado um sistema de gerenciamento que permite uma operação com baixo custo e segurança absoluta. “Desenvolvemos um programa junto ao cliente, disponibilizando os melhores recursos do mercado e, a partir daí, foi criado um sistema customizado para atender à rotina desejada pelo cliente”, ressalta Pérsio Villa.
Fonte: Estadão